Ciep Brigadeiro Sérgio Carvalho  - Luciano Belford/Agência O Dia
Ciep Brigadeiro Sérgio Carvalho Luciano Belford/Agência O Dia
Por O Dia*

Rio - Na quinta-feira, um dia após o ataque de Suzano (SP), um adolescente de 16 anos esfaqueou um aluno do Ciep Brigadeiro Sérgio Carvalho, em Campo Grande. A vítima, de 15 anos, não quer mais voltar para o mesmo colégio. Na manhã de sexta-feira, uma ameaça anônima por meio de uma rede social obrigou a direção a cancelar as aulas no Ciep Aspirante Francisco Mega, em Magalhães Bastos. A polícia esteve no local. Nos últimos anos, esse cenário de medo se espalhou pelo país. Foram pelo menos nove ataques nos últimos 16 anos (veja no infográfico ao lado).

A mãe do garoto atacado em Campo Grande, uma cuidadora de idosos de 43 anos, disse que o filho está com medo de um novo ataque. "E não é só ele. O garoto também disse pra ela que ia matar a amiga que socorreu o meu filho. Na delegacia, disse que ia matar ele, ia matar ela e mais um. E, depois, ele ia se matar", contou.

Ontem, as aulas aconteceram normalmente no Ciep de Campo Grande. Mas o clima era bem diferente do normal. A agitação de alunos deu lugar a um pátio vazio. E ao silêncio de alunos, pais e funcionários, que refletiam sobre o ataque que poderia ter tido desfecho trágico. O portão ficou trancado em tempo integral com cadeado e um porteiro abria e fechava sempre que alguém passava.

Abalados, muitos estudantes preferiram não ir ao colégio. "Minha turma combinou de não vir", contou uma aluna de 17 anos. Pais que foram à secretaria para matricular seus filhos também estavam em alerta e pediram reforço na segurança das escolas.

Outros casos no país 

O massacre de Suzano também trouxe memórias dolorosas aos sobreviventes de atentados recentes em escolas do Brasil. Isadora de Morais, 15 anos, desembarcava no Rio quando recebeu a notícia da tragédia da Grande São Paulo. "Eu fiquei em estado de choque primeiro e comecei a lembrar de tudo que aconteceu comigo", disse.

No dia 20 de outubro de 2017, um aluno entrou no Colégio Goyazes, em Goiânia(GO) e atirou contra a menina e outros quatro estudantes. Dois morreram. Isadora ficou paraplégica. Ela lembra até hoje do ataque. "Eu choro muito, tenho muito pesadelo e vejo o rosto do atirador neles. Eu não consigo dormir no meu quarto. Nunca vou esquecer o que passei", diz a garota, que mudou de colégio.

Quase um ano após o atentado que feriu Isadora, um novo ataque em escola foi registrado em Medianeira, no interior do Paraná. Um adolescente de 15 anos entrou armado e atirou contra os colegas de classe no Colégio Estadual João Manoel Mondrone, em setembro do ano passado. Dois alunos foram baleados. Um dos feridos, Bruno Facundo, de 15 anos, perdeu parte dos movimentos do lado esquerdo. Ele ainda se recupera da lesão. "Meu filho lembrou que passou por isso", disse Eder, pai da vítima.

Projeto para instalar detector de metais nas escolas

O deputado estadual Renato Zaca (PSL) protocolou um projeto na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) parque instituições de ensino públicas e privadas instalem detectores de metais nas portas das escolas. A proposta visa impedir que alunos entrem nos colégios carregando armas de fogo. Na próxima segunda-feira, parlamentar irá apresentar a ideia em uma reunião com o governador Wilson Witzel.

Segundo o deputado, a verba para a instalação dos equipamentos viria do Fundo Estadual de Investimentos e Ações de Segurança Pública e Desenvolvimento Social (Fised). “A tragédia de Suzano mostrou a importância de impedir que pessoas entrem nas unidades de ensino. Sei que as escolas da rede pública tem inúmeras carências e necessidades. Mas o que aconteceu na cidade paulista fortalece a importância do equipamento e de pessoal para controlar a entrada nas escolas.

Reportagem de Antonio Puga, Gustavo Ribeiro, Luana Benedito e Renan Schuindt

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