Daniele Rodrigues está fora de casa há mais de uma semana - Rafael Nascimento / Agência O DIA
Daniele Rodrigues está fora de casa há mais de uma semanaRafael Nascimento / Agência O DIA
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Há mais de 72 horas, dezenas de famílias que vivem em ao menos 13 edifícios do entorno do condomínio Figueira do Itanhangá, na Muzema, na Zona Oeste do Rio, não podem voltar para seus imóveis. É que os prédios estão interditados pela Defesa Civil desde o desabamento de sexta-feira. Muitas famílias estão com apenas a roupa do corpo.

É o caso de Daniele Rodrigues, 33, supervisora de restaurante, moradora de um apartamento que está interditado. A mulher conta que mora no local há um ano e meio após comprar, com muito suor, a casa própria.

"Foi um investimento da vida. Não dá pra virar para trás e largar tudo. Sou do Ceará e trabalhei a vida inteira para comprar. Hoje, estou de favor na casa da minha prima na parte baixa da Muzema", lembra a mulher aos prantos. Antes de comprar o apartamento, ela pagava aluguel e morava na Rocinha, na Zona Sul.

Mais de 100 agentes trabalham no local - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

Daniele é enfática ao responder sobre a probabilidade de seu imóvel ser demolido pela prefeitura. "Hoje, eu não quero pensar na possibilidade. Eu não consegui voltar para casa na última semana".

Ela conta que trabalha na Barra da Tijuca e que não dormiu em casa entre segunda e quarta-feira por causa da chuva do temporal que atingiu o Rio.

"Na segunda, por eu trabalhar à noite, eu não estava em casa, só a minha mãe. Ela disse que estava chovendo muito forte, mas até então eu não tinha dimensão da quantidade de chuva. Já tinha tido outra chuva forte, mas eu não esperava e imaginava a destruição que foi. De segunda até quarta eu dormi no trabalho. Na quarta, quando cheguei lá embaixo, não acreditei... essas cena de destruição total...", contou.

Décimo primeiro corpo foi encontrado na manhã desta segunda - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

Antes dos prédios desabarem, a supervisora de restaurante contou que ouviu o momento que os edifícios ruíram.

"Na sexta eu estava em casa e ouvi muita gente gritando e pedindo ajuda. Eu estava na sala e quando vim para a janela, as pessoas corriam porque estava caindo. Até então, a gente não sabia se o prédio que estava caindo era os que estavam em construção ou os já prontos. Querendo ou não, a gente participava da rotina das pessoas. Por muitas vezes, a gente se encontrava na descida", completou.

Familiares acompanham os trabalhos dos agentes de perto - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

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