A região é dominada pela milícia - Alexandre Brum / Agência O Dia
A região é dominada pela milíciaAlexandre Brum / Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Os prédios que foram erguidos no Condomínio Figueira do Itanhangá foram construídos em um esquema que envolve milicianos e construtoras. Tudo isso sob a supervisão do chefe do grupo paralimitar que domina a área da Zona Oeste do Rio, o major da PM Ronald Paulo Alves Pereira, que está preso desde o início do ano. De acordo com moradores, que preferem não se identificar temendo represálias, os milicianos invadem os terrenos e passam para as construtoras de amigos. A Polícia Civil já sabe que há construtoras contratadas pelos milicianos, com nomes de construtores envolvidos nos empreendimentos.

"Dependendo do tamanho do terreno, a construtora entrega de quatro a cinco apartamentos naquele prédio", disse um morador.

O major Ronald fica com parte das transações, que são feitas pelos "soldados", como ele chama seus comparsas. 

Construções irregulares estão por toda a parte - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

Dentre as construtoras, duas se destacam: as dos irmãos Paulo e Danilo Ferro - que moram no condomínio -, além das de Raimundo Carneiro e Roberto Rodrigues. Roberto vendia os prédios nas redes sociais. Ele excluiu todos os perfis de suas redes socais desde o desabamento. Os prédios que desabaram na sexta teriam sido construídos por Raimundo.

"Eles são pedreiros e ficaram muito ricos desde que começaram a entrar nesse esquema", o morador acrescentou.

Os prédios que ruíram não estão oficialmente dentro do Condomínio Figueira do Itanhangá. Moradores afirmam que eles ficam em um terreno ao lado, mas uma rua foi aberta para que eles fosse integrados ao conjunto residencial.

As instalações do local são precárias - Marcio Mercante / Agência O Dia

Nenhuma residência tem documento oficial da prefeitura, que já avisou que as construções no local são irregulares. Alguns moradores tentam a regularização de seus imóveis por usucapião (posse pela utilização do imóvel por determinado tempo, contínuo e incontestadamente).

O corretor dos prédios foi identificado pelo nome de Valdecir. Um imóvel com três quatros, sala, cozinha, banheiro e garagem é avaliado por ele em de R$ 160 mil.

"Antes do condomínio existia uma pedreira na região e na área dos prédios havia um bambuzal. Atrás, há uma ribanceira. Ali não tem como fazer uma fundação capaz de aguentar essas construções", acredita o morador.

O DIA tentou entrar em contato com todas as pessoas citadas na reportagem. Entretanto, ninguém foi encontrado.

A comunidade fica na Zona Oeste - Marcio Mercante / Agência O Dia

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