Wilson Witzel - Reginaldo Pimenta
Wilson WitzelReginaldo Pimenta
Por RAFAEL NASCIMENTO
Rio - Novo governo, velhos hábitos. Assim como seus antecessores, Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão (ambos do MDB), parece que o atual governador, o ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC), tem tomado gosto por voar nas aeronaves do governo do estado. Eleito com o discurso de cortar gastos, o político tem usado muito dos helicópteros disponíveis e deixado os carros de lado. Inclusive, em poucos mais de cinco meses de governo ele já usou mais do que Pezão em comparação com o mesmo período. Em outubro do ano passado, assim que eleito, Witzel pegou um metrô e foi à Central do Brasil agradecer por ter sido escolhido. Aos jornalistas, o chefe do legislativo fez promessas. "O povo tem que sentir que sou igual a todo mundo. É assim que a gente vai ser. Trabalhar ouvindo o povo", afirmou à época.
Um helicóptero ficou à disposição do governador no heliponto do Hotel Fasano, em Angra dos Reis, entre a manhã de sábado e a tarde de domingo. O governador disse que foi montado um gabinete de segurança no local. Witzel disse que a hospedagem no hotel de luxo foi paga do próprio bolso. 
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“Eu e minha família estamos sob proteção e todos os meus deslocamentos são avaliados pela nossa segurança. Se eles entenderem que o meu deslocamento tem que ser por via aérea, seremos deslocados por via aérea. Me hospedei lá porque o hotel ofereceu o heliponto. As minhas despesas eu paguei com o meu cartão de crédito e minha família ficou hospedada ali", disse durante lançamento do movimento "#TodospeloRiodeJaneiro" no Museu do Amanhã, Centro do Rio. 
Entretanto, o governador tem preferido usar um meio de transporte que não é acessível ao povo carioca. Segundo o Portal da Transparência do governo do estado, entre janeiro e fevereiro deste ano, Witzel usou 14 vezes das duas aeronaves que estão disponíveis para o seu uso. Pezão utilizou pouco mais de 10. As informações foram divulgadas pelo blog do jornalista Ruben Berta confirmadas pelo DIA. Em março o governador não fez uso dos helicópteros. Não se sabe se o político usou do dispositivo em abril. O governo do estado deixou de publicar as informações no site da transparência.
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Quando teve suas viagens aéreas comparadas ao ex-governador Pezão, Witzel rebateu que seu antecessor está preso. “O governador anterior (Luiz Fernando Pezão) está preso. Eu voo a trabalho. Sou governador 24 horas. Quem decide se vou de helicóptero ou não é o gabinete de segurança institucional. Não tenha dúvida: qualquer gota de combustível utilizado na aeronave é em defesa do estado”, disse.
Algumas viagens feitas por Witzel chamam a atenção. No dia 16 de janeiro, ele embarcou no heliponto da Lagoa Rodrigo de Freitas e deu uma chegadinha em Niterói para uma agenda pública no 12º Batalhão da PM. De carro, saindo do Palácio Guanabara, em Laranjeiras, — o líder do executivo possuí batedores e isso impede que ele pegue trânsito — chegaria no seu local de destino em 24 minutos. Entretanto, ele preferiu trocar a velha Ponte Rio-Niterói pelo conforto da aeronave. Na ocasião, o político levou cinco minutinhos para chegar ao batalhão.
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Um dia antes, o governador saiu do Palácio Guanabara e foi à Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, também no conforto de um dos helicópteros comprados na gestão Sérgio Cabral, em 2011, por R$ 15 milhões. O governador preferiu não pegar o trânsito que a população está acostumada diariamente. Caso ele tivesse ido em um dos Toyotas Corola, da frota do palácio, ele teria gastado 40 minutinhos. Neste dia, a aeronave ficou três horas parada em Nova Iguaçu a espera do político.
No dia 12 de fevereiro, o trajeto foi outro. O ex-juiz embarcou em Cabo Frio, na Região dos Lagos, em direção ao Rio. E pensa que ficou por aí? No dia 5 de fevereiro, o governador estava em Guapimirim, na Baixada Fluminense. Ao invés de voltar de carro, voltou de helicóptero.
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Nas andanças pelos ares, nos helicópteros de luxo, Witzel foi solidário e ofereceu carona para várias autoridades, como o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), André Ceciliano, para o deputado federal Hugo Leal, para o secretário de educação Pedro Fernandes. Além do também secretário de esportes Felipe Bornier. 
Na ponta do lápis 
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O DIA fez um comparativo de preços por hora de voo em empresa de táxi-aéreo. Segundo o levantamento, o preço hora varia de R$ 3.600,00 a R$ 8.140,00. Caso passe da primeira hora, o valor vai subindo em R$ 1.000,00. 
Do heliponto da Lagoa para Niterói, a hora voo custa R$ 3.600,00. O mesmo valor é cobrado para Nova Iguaçu. Caso a rota seja Guapimirim x Lagoa, o bolso pesa um pouco. O valor sai por nada menos que R$ 4.500,00. Agora se o trajeto for, Lagoa Rodrigo de Freitas até Resende, passando por Volta Redonda — rota feita por Witzel em 9 de fevereiro — o valor é simbólico: R$ 7.200,00 por hora.
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Não é de agora que governadores gostam de economizar tempo e usarem as aeronaves em seus deslocamentos. Cabral chegou a usar os dois helicópteros milhares de vezes. Mangaratiba era seu destino predileto. Muitas das vezes, iam penas as babás e os cachorrinhos do político para o paraíso litorâneo que fica na Costa Verde. Essa farra lhe rendeu um processo e o Ministério Público pede que ele ressarça os cofres públicos por mais de duas mil viagens. O prejuízo passa de R$ 20 milhões.
Outro que gostava de usar o helicóptero era Luiz Fernando Pezão. Por muitas das vezes, ele usou do dispositivo para seguir para Piraí, sua terra natal.
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PGR e OAB-RJ pretendem protocolar queixa-crime contra o governador por vídeo em operação 
O governador também defendeu sua participação em um voo de helicóptero da Polícia Civil em uma operação em Angra dos Reis na tarde de sábado. A Procuradoria-Geral da República estudam protocolar uma queixa-crime contra a conduta. "(Eles deveriam) se preocupar com quem está colocando armas e drogas dentro da comunidade e não com quem está querendo tirar de dentro da comunidade", disse.
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Witzel disse que faz parte de seu governo participar ativamente das ações de segurança. "Foi uma operação de reconhecimento para que a polícia identificasse onde há conflitos para a partir daí as polícias agirem com mais rigor. Faz parte do meu trabalho reconhecer e participar ativamente (das ações) como nenhum outro governador fez", disse.
A Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, fez uma megaoperação em várias comunidades de Angra dos Reis, no Sul Verde Fluminense, na tarde de sábado. O objetivo foi encontrar criminosos suspeitos de tráfico. O governador Wilson Witzel, o prefeito da cidade Fernando Jordão, e o secretário de Polícia Civil Marcus Vinicius Braga acompanharam de um helicóptero a ação.