Lorena Quintal Gomes foi vítima de bala perdida na Mangueira. Ela fez 18 anos em dezembro passado - Reprodução Facebook
Lorena Quintal Gomes foi vítima de bala perdida na Mangueira. Ela fez 18 anos em dezembro passadoReprodução Facebook
Por ADRIANO ARAÚJO
Rio - O disparo de fuzil que atingiu Lorena Quintal Gomes, de 18 anos, dentro da casa de uma amiga na Mangueira atravessou um portão, perfurou o braço do sofá em que ela estava e atingiu as duas pernas da estudante, que tinha acabado de ser liberada do Ciep Nação Mangueirense por conta de confrontos entre criminosos e policiais. O pai da jovem, Marco Antonio Gomes, disse que a bala perdida provocou um "estrago", mas que a filha está "forte" e a família acredita na recuperação dela. 
"Foi tiro de fuzil, fez um estrago enorme nas pernas delas, perto do fêmur, a perna direita foi a mais atingida. Ela teve que fazer restauração do osso do fêmur, dos vasos da parte vascular das duas pernas, perdeu massa muscular. Se não fosse a ajuda de um rapaz, que ajudou a trazer rápido, poderia ser pior. Ela teve uma perda de sangue muito grande", disse o servidor público.
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A menina se recupera de uma anemia e recebe transfusão de sangue para se recuperar e realizar uma nova cirurgia para a implantar placas para auxiliar na recuperação óssea, que deve acontecer na próxima sexta-feira.
O técnico de produção em saúde conta que a filha foi liberada por volta das 10h do Ciep Nação Mangueirense por conta de um intenso tiroteio no Morro da Mangueira. No caminho, o confronto, que tinha cessado, recomeçou. 
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"Elas atravessaram o viaduto em direção ao morro e começou de novo o tiroteio. Só deu tempo delas com as amigas entrarem na casa da menina. Elas fugiram de uma situação, foram para um local fechado e aconteceu isso", lamenta.
Lorena está internada no Hospital Souza Aguiar, no Centro, e as doações de qualquer tipo sanguíneo para ajudá-la podem ser feitas no Hemorio, na Rua Frei Caneca, também no Centro. O doador deve informar o nome da jovem no momento da doação. 
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"Ela pensa que sobreviveu, pois é bem magrinha. Escapou da morte, pela perda de sangue, tinha muito sangue no local, no caminho. Ela disse que só percebeu que levou o tiro porque começaram a gritar. As amigas ouviram a rajada, o barulho, e ela se tocou que a ferida era nela. Só depois viu o estrago nas pernas", contou o pai.
Jovem quer ser engenheira mecânica
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Com 18 anos completados em dezembro do ano passado, Lorena está cursando o último ano do ensino médio. Os preparativos para o vestibular miravam a carreira de engenheira mecânica, mas o objetivo terá que ser adiado. 
"Ela agora tem um ano perdido, a recuperação será um pouco lenta. Agora é focar na vida e seus movimentos fazer fisioterapia. Ela é muito forte, ainda vai ter uma luta bem grande pela frente", acredita o pai.
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Pai agradece 'herói' que socorreu filha
Marco Antônio colocou como obrigação reencontrar o tio de uma das amigas da filha que a socorreu. O rapaz não tinha saído de casa para trabalhar por causa do tiroteio, mas não pensou duas vezes na hora de levar a menina para o hospital.
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"Ele queria sair para trabalhar e não conseguia por causa do tiroteio. Acabou que saiu ainda sob confronto para ajudar a salvar a minha filha. Ele foi um herói, se ele não fizesse isso, talvez não estivesse aqui com a minha filha", agradece o pai.  
A operação policial na Mangueira, realizada pela Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) e a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) local, terminou com quatro suspeitos presos e armas apreendidas. Segundo a Secretaria da Polícia Militar, "posteriormente, UPP Mangueira foi informada sobre a entrada da vítima, por meios próprios, no Hospital Municipal Souza Aguiar".
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Procurada, a Polícia Civil disse que, de acordo com a 17ª DP (São Cristóvão), o caso foi registrado e todas as diligências estão sendo realizadas para apurar as circunstâncias do ocorrido.
Material apreendido pela PM durante ação na Mangueira - Divulgação / Polícia Militar