A mulher e as crianças ficaram em poder de André Luiz por 14 horas - Arquivo Pessoal
A mulher e as crianças ficaram em poder de André Luiz por 14 horasArquivo Pessoal
Por ADRIANO ARAÚJO
Rio - Os filhos gêmeos de 11 anos do tenente-coronel André Luiz do Amaral Rocha, preso por manter a mulher e as crianças reféns por 14 horas, imploraram para o pai não matar a mãe deles, Luciana Arminda. Eles ficaram em cárcere sob a mira de uma arma da noite de terça-feira até a manhã seguinte.
Conforme relatado na decisão judicial que converteu a prisão flagrante em preventiva, nesta quinta-feira, a briga começou por ciúmes do militar, que arrastou a mulher pelos cabelos pelo apartamento, a chamando de "sem vergonha" e a agredindo com um tapas. O síndico chegou a tocar no apartamento e o porteiro ligado para saber o que acontecia, mas o agressor mandou que a esposa dissesse que "estava tudo bem". 
Publicidade
"Mais adiante as crianças avisaram que a polícia estava no local, quando então o indiciado teria mandado que a vítima e as crianças se sentassem em frente à porta, apontando a arma de fogo. Os filhos então a abraçaram pedindo para que não fizesse aquilo. Após tal situação, o custodiado teria determinado que os filhos apagassem as luzes e fechassem as cortinas, os quais imploravam para o indiciado não matar a mãe. A todo o momento, o indiciado apontaria a arma para a vítima, além de agredi-la por várias vezes", descreveu o juiz Antônio Luiz da Fonseca Lucchese.
Policiais do 9º BPM (Rocha Miranda) chegaram ao local ainda na noite de terça-feira e iniciaram uma conversa de cerca de 30 minutos, mas o militar ameaçava a todo momento matar mulher e os filhos no apartamento, o que fez PMs chamarem o Grupo de Intervenção Tática do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) para a negociação, que só terminou por volta das 9h45 do dia seguinte.
Publicidade
O magistrado justificou na decisão que converteu a prisão em flagrante em preventiva que era "evidente que a situação é extremamente grave" e que decisão é principalmente para "garantia da integridade física e psicológica da vítima e dos filhos".
Após 14 horas mantendo a família como refém, usando a mulher e os dois filhos de 11 anos como escudos na porta do apartamento para impedir a entrada da polícia, o militar se entregou aos policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Foram encontradas na casa um revólver calibre 38 e 10 munições, e uma pistola Glock 9 mm com 14 munições e um carregador.
Publicidade
André Luiz está há 20 anos no Exército e atualmente é baseado em Resende, na Região Sul Fluminense. O tenente-coronel está preso no Hospital Central do Exército, à disposição da Justiça comum, na qual será julgado. A juiz também determinou que ele recebe atendimento médico, já que ele alega sofrer de depressão.
"O Exército Brasileiro solidariza-se com os familiares envolvidos nesse traumático episódio, e prestará toda a assistência médica, psicológica e espiritual requerida para a desejada superação. Por oportuno, o Comando Militar do Leste cumprimenta os profissionais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro que conduziram as negociações, reconhecendo e agradecendo a sua competência profissional no cumprimento de tão sensível missão", finaliza.