Manchas de sangue em bar onde ocorreu chacina em Porto Velho, no Campo da Brahma, em São Gonçalo - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Manchas de sangue em bar onde ocorreu chacina em Porto Velho, no Campo da Brahma, em São GonçaloDaniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por LUIZ PORTILHO
Rio - Moradores do Porto Velho, em São Gonçalo, estão assustados com a chacina que matou quatro pessoas e feriu outras sete em um bar, neste domingo. Para eles, esse tipo de violência não é comum na região. Segundo investigação da polícia, ataque seria uma represália do tráfico contra a milícia que ocupou o bairro.

"O Porto Velho sempre foi uma área familiar. Há assaltos, como em outros lugares, mas isso aconteceu foi novidade", disse o supervisor de vendas Roosevelt da Silva, 51 anos, que estava no bar horas antes dos tiros e fazia parte do grupo que confraternizava no local.

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Bar onde ocorreu chacina em Porto Velho, no Campo da Brahma, em São Gonçalo Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Bar onde ocorreu chacina em Porto Velho, no Campo da Brahma, em São Gonçalo Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Daniel Castelo Branco / Agência O Dia Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Bar onde ocorreu chacina em Porto Velho, no Campo da Brahma, em São Gonçalo Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Bairro Porto Velho, no Campo da Brahma em São Gonçalo, onde ocorreu chacina com quatro mortos e sete feridos Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Marca de tiro na porta do bar onde ocorreu chacina em Porto Velho, no Campo da Brahma, em São Gonçalo Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Bar onde ocorreu chacina em Porto Velho, no Campo da Brahma, em São Gonçalo, ficou com várias marcas de tiro Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Daniel Castelo Branco / Agência O Dia Daniel Castelo Branco / Agência O Dia


"Eu sou nascido e criado no Porto Velho. Há 30 anos nós nos reunimos ali, todos os domingos, me mudei para Maricá há dois anos, mas continuo frequentando o bairro. Nós jogamos futebol e, depois, colocamos um tira-gosto com cerveja para confraternizar. Todo mundo é de família, não tem bandido", disse Roosevelt, que foi ao Pronto Socorro Central, no bairro Zé Garoto, para saber notícias dos amigos.

Nesta unidade de saúde, estão os três feridos do tiroteio que ainda permanecem internados. Um deles, de 41 anos, levou um tiro no quadril e está no setor de trauma; Já outro homem, de 53, foi baleado na perna e passou por cirurgia; a terceira vítima, de 46, atingida por um disparo no abdômen, passou por cirurgia e está no CTI. O estado de saúde deles é estável.
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'Estão proibidas a felicidade e a alegria', diz morador
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Um morador de Porto Velho usou as redes sociais para fazer um longo desabafo sobre a violência no bairro. Segundo Helcio Albano, "estão proibidas a felicidade e a alegria. Agora é só medo e dor. O sorriso e o amor são nossas sentenças de morte". Confira abaixo o texto na íntegra.
"Eu ontem ouvi os tiros. Estava finalizando minha cerveja dentro de casa porque há muito tempo não tenho mais coragem (sim, a palavra é essa) de fazer uma coisa antes trivial e banal para uns, existencial para outros, que é sentar num bar e beber até cair - literalmente - ou até a esposa vir buscar o bebum, (isso era) coisa muito comum no porto velho. Eu poderia ficar falando horas e horas sobre esse bairro que aprendi a amar, mas tudo é pretérito; e ontem o último reduto de alegria e espontaneidade comunitária agora jaz no pretérito: o campo da brahma.

Amigos de longuíssima data morreram, outros baleados e passam bem. alguns seguem internados POR QUÊ? talvez jamais saibamos. Talvez a gente saiba, mas não queira admitir. Estão proibidas a felicidade e a alegria. Agora é só medo e dor. O sorriso e o amor são nossas sentenças de morte.
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Precisamos reagir. Mas se for pelo ódio, aí não honraremos a memória dos que partiram.

Solidariedade e força positiva aos que ficaram. Nós vamos superar".