'Faleceu nos braços do avô', lamenta tia de jogador morto em Niterói
Familiares de Dyogo Xavier Coutinho acusam PMs de terem atirado à queima-roupa no atleta do América
Por GUSTAVO RIBEIRO
Rio - Parentes do jogador de futebol Dyogo Xavier Coutinho, de 16 anos, estão inconsoláveis pela morte do jovem atleta do América. A família de Dondom, como era conhecido entre amigos, acusa policiais militares de terem atirado nele durante uma operação na comunidade da Grota, em São Francisco, em Niterói. Eles esperam que os responsáveis pelo crime sejam punidos.
"Não sei se ele foi confundido, porque não tem como confundir um menino tão saudável com uma chuteira na mão", critica uma tia de Dyogo. "Ele ia jogar bola diversas vezes por semana no Rio. Estava passando tranquilamente para pegar o ônibus na Estrada da Cachoeira quando foi pego de forma absurda, sem profissionalismo (por parte dos policiais)".
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Familiares dizem que o jogador foi morto à queima-roupa. A tia comentou que o avô, por quem o rapaz foi criado e que trabalha como motorista, estava passando pelo local quando viu o neto caído no chão.
"Foi um absurdo, um excesso de um policial que não abordou, que chegou e foi tratando com abuso, de forma absurda", desabafa. "Inclusive, ele faleceu nos braços do avô, que estava passando a 15 metros, quando parou e viu o neto, que tinha acabado de ser atingido à queima-roupa".
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POLÍTICA DE SEGURANÇA
Colegas que jogavam futebol com Dyogo e o técnico do time do rapaz estiveram na Policlínica do Largo da Batalha, para onde Dyogo chegou a ser levado, para se despedir do rapaz. Para a família, fica o desejo de justiça e que as ações adotadas pelas forças de segurança do estado sejam revistas.
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"Com essa mudança que os novos governos estadual e federal estão propiciando na área de segurança, esperamos que se atentem mais com os procedimentos ruins. Há que se fazer uma remodelação. Que hajam com mais cautela porque pessoas sãs e bonitas de alma e de coração não podem perder a vida por falta de responsabilidade. Não é que a gente tenha ódio, foi uma perda irreparável, mas a gente confia em Deus. Providências devem ser tomadas e a Corregedoria e o governador precisam agir mais e mais. Tem que haver punição para quem age mal, porque a polícia representa a população. Tem que haver um rigor maior", pediu a tia do rapaz.
Dyogo tinha duas irmãs, uma de 7 e outra de 10 anos, que até o início da noite não sabiam da morte do jogador. A família, evangélica, pretende fazer um culto no sepultamento do rapaz, previsto para a tarde desta terça-feira, no Cemitério São Francisco Xavier, em Niterói.
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PROTESTO
Logo depois da morte de Dyogo, moradores da Grota ocuparam ruas do entorno da comunidade. Eles colocaram fogo em pelo menos um ônibus e incendiaram várias barricadas no meio da pista.
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Procurada pelo DIA, a PM disse que agentes do Comando de Operações Especiais (COE) fizeram uma operação na Grota, além de estarem nas comunidades do Viradouro e da Igrejinha.
"Depois de a operação estar finalizada, chegou ao conhecimento da Polícia Militar que um indivíduo teria sido atingido por disparos de arma de fogo e não resistiu", a secretaria disse, em nota, sem responder às denúncias dos familiares do jogador.
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A assessoria do governador Wilson Witzel (PSC) disse que ele ainda não iria se posicionar até obter mais informações sobre o caso. Já a a Polícia Civil ainda não comentou o caso.
No fim da noite, o América divulgou nota informando que recebeu com "imensa tristeza e perplexidade" a notícia da morte do jogador; confira a nota na íntegra!
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O America Football Club recebeu no fim da tarde desta segunda-feira (12), com imensa tristeza e perplexidade, a notícia da morte de Dyogo Xavier Coutinho, de 16 anos, que treinava no plantel de atletas da categoria sub-17 de nosso clube. Dyogo ainda não era atleta federado, pois não estava inscrito em competições oficiais da FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), mas integrava um grupo específico de atletas mais jovens da referida categoria que disputava torneios não oficiais, como aqueles realizados pela Liga Municipal de Duque de Caxias.
As informações divulgadas pelos mais diversos meios de comunicação dão conta que Dyogo teria sido vítima de um projétil de origem desconhecida na Comunidade da Grota, que passava naquela manhã por uma operação em que a polícia confrontava traficantes locais. Acidentalmente alvejado, ele teria sido reconhecido pelo avô, motorista de ônibus, que começava a sua jornada de trabalho. Ele ainda foi removido para a Policlínica do Largo da Batalha, mas não resistiu ao ferimento sofrido.
Assim que o ocorrido chegou ao conhecimento da comissão técnica da categoria, que treina na Vila Olímpica de Caxias, o supervisor da equipe sub-17, Antônio Carlos Villa Flor Brito, deixou o treino e partiu para a o hospital junto de alguns dos companheiros de equipe do atleta. Lá, prestou todo o suporte possível aos familiares em meio ao momento de dor indescritível.
Absolutamente entristecido, o America presta suas mais sinceras condolências aos familiares e amigos de Dyogo, mais uma vítima inocente de uma sociedade tão saturada de violência e agressividade.