Maricelli Ventura Teixeira (de preto) se emociona no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo. Ela é irmã de Margareth Teixeira da Costa, adolescente morta em Bangu - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Maricelli Ventura Teixeira (de preto) se emociona no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo. Ela é irmã de Margareth Teixeira da Costa, adolescente morta em BanguEstefan Radovicz / Agencia O Dia
Por Thuany Dossares
Rio - “Eu quero justiça. Minha irmã tá toda furada, na barriga, no peito. Eu não quero que ela seja só mais uma. Somos humanos, carne e osso, a gente não é diferente de nenhum governante, de nenhum riquinho que fica sentado no trono deles. A gente é humano que nem eles. Qual a diferença deles para a gente?”. Esse foi desabafo de Merielle Ventura Teixera, 24, irmã da estudante Margareth Teixeira da Costa, de 17 anos, morta durante uma troca de tiros entre PMs do 14º BPM (Bangu) e traficantes da comunidade da 48, em Bangu, na Zona Oeste, na noite de terça-feira (13).

No momento em que foi vítima de balas perdidas, Margareth estava com seu filho, o pequeno Enzo, de apenas um ano e dez meses no colo. O bebê foi atingido de raspão, no pé esquerdo, por um dos disparos e chegou a bater com a cabeça no chão quando a mãe foi baleada. Ele está internado em estado estável.

De acordo com familiares, Margareth estava a caminho da igreja, onde encontraria com seu marido, que voltava do trabalho direto para o culto. O tiroteio aconteceu por volta das 19h30, quando as equipes policiais chegaram, segundo a Polícia Militar. A jovem e seu filho foram socorridos pelos próprios PMs para o Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, mas ela já chegou sem vida na unidade, com cerca de dez perfurações no corpo, que podem ser de entrada e saída.
Margareth Teixeira, de 17 anos - Reprodução / Facebook
Publicidade
“Eu estava voltando do trabalho quando tudo aconteceu. A gente tinha combinado de se encontrar na igreja, mas chegando lá, depois do tiroteio, eu não encontrei ela e nem meu filho, e até o culto acabou que foi cancelado. Eu cheguei a passar pela poça de sangue, muito sangue no chão, vi muita munição, isso logo depois que tudo aconteceu, mas até então eu estava tranquilo. Nunca iria imaginar. Estranhei quando cheguei em casa e eles não estavam, mas só fui saber do que aconteceu às 23h, quando meu pai me chamou dizendo que minha irmã tinha visto na internet que uma jovem é um bebê tinham sido baleados”, narrou o marido de Margareth, o operador de loja Daniel Martins Coutinho, de 21 anos.

Agora viúvo e com um filho pequeno, Daniel diz estar desorientado sobre o futuro. “Eu fiquei em choque quando descobri que ela faleceu. Agora vai ser difícil, sozinho, sem ela. O sonho dela era casar na igreja, tudo certinho, e a gente planejava isso, estava juntando dinheiro para comprar aliança”, lamentou o rapaz.

Desolado e aos prantos, o pai da estudante dizia aos prantos “Por que o Senhor não deixou ela e me levou meu Deus?! Mataram minha filha”.

A assessoria do Hospital Municipal Albert Schweitzer informou que Enzo, o filho de Margareth, passou por cirurgia e está internado em estado estável.