O auxiliar de táxi Jonathan Carvalho na porta da 10ª DP (Botafogo), onde fez o registro de ocorrência da agressão, na manhã de ontem. Seop nega ter privilegiado evento
 - Luciano Belford
O auxiliar de táxi Jonathan Carvalho na porta da 10ª DP (Botafogo), onde fez o registro de ocorrência da agressão, na manhã de ontem. Seop nega ter privilegiado evento Luciano Belford
Por Juliana Pimenta

O auxiliar de táxi Jonathan Carvalho, de 32 anos, foi agredido, na manhã de ontem, após uma confusão na porta da concessionária BMW Rio, em Botafogo. "Eu, minha sogra e vários vizinhos sempre estacionamos o carro ali na (Rua) Mena Barreto. Aí, quando foi 6h da manhã, começaram a rebocar os carros dos moradores para dar lugar aos carros do evento da BMW", denuncia o rapaz, que acabou se envolvendo em uma discussão com uma das pessoas que estava no evento: uma carreata de veículos de luxo que seguiu da Barra da Tijuca até Botafogo.

"Eu questionei e me exaltei porque rebocaram meu carro. Meu carro é meu instrumento de trabalho. Eu reconheço que me excedi, xinguei o rapaz, mas veio um grupo de pessoas que estava no evento da BMW e um deles me agrediu, me deu um soco no rosto", relata Jonathan, que fez um boletim de ocorrência na 10ª DP (Botafogo) e foi encaminhado para exame de corpo de delito no IML.

Aglomeração na pandemia

Segundo o auxiliar de táxi, funcionários da BMW que estavam no local negaram que a loja tivesse participação no evento. No entanto, alguns perfis de carros de luxo nas redes sociais compartilharam que o organizador do 'passeio' é patrocinado pela BMW Rio. O perfil @boostbr_ no Instagram divulgou, inclusive, imagens do encontro de carros em Botafogo, além de fotos dentro da concessionária.

"Isso é o que é mais revoltante. Na hora da discussão, um homem que estava no evento ainda me disse: 'O carro deles é tudo de meio milhão de reais, tu acha que vai dar em alguma coisa?' Isso é um abuso. Quem tem dinheiro é quem manda? É fácil assim?", questionou Jonathan.

Esclarecimentos

Segundo a Secretaria de Ordem Pública (Seop), a ação realizada na manhã de ontem era de rotina e não há nenhuma relação entre o reboque dos carros e o evento. Ainda segundo a secretaria, os veículos que foram rebocados estavam em estacionamento público rotativo, mas sem o talão e, portanto, de forma irregular.

Já o auxiliar de táxi afirma que, no momento do reboque, não havia guardador de carro para que o talão fosse adquirido. A Seop nega e garante que um profissional trabalhava no local.

A BWM Rio também negou qualquer envolvimento na confusão que resultou em agressão. Segundo a concessionária, o evento foi organizado pelo perfil do Instagram, que convocou donos de carro de luxo para conhecer a nova loja: "A concessionária BMW Rio esclarece que não solicitou o serviço de reboque de nenhum veículo tampouco conhece qualquer caso de agressão ou evento fora da loja".

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