Wilson Witzel no Palácio Laranjeiras em pronunciamento após afastamento do STJ - Cléber Mendes
Wilson Witzel no Palácio Laranjeiras em pronunciamento após afastamento do STJCléber Mendes
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Rio - Na denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), tornada pública nesta sexta-feira, com a deflagração da Operação Tris in Idem, os investigadores detalham o suposto esquema de loteamento de contratos e cargos comandado pelo próprio chefe do Executivo fluminense.

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Wilson Witzel no Palácio Laranjeiras em pronunciamento após afastamento do STJ Cléber Mendes
Rio,28/08/2020-LARANJEIRAS, Policia Federal faz buscas na casa de Wilson Witzel no Palacio Laranjeiras, STJ afasta Witzel do governo do Rio por suspeitas de participar em esquema de corrupção na saúde Cléber Mendes
Wilson Witzel no Palácio Laranjeiras em pronunciamento após afastamento do STJ Cléber Mendes
Wilson Witzel no Palácio Laranjeiras em pronunciamento após afastamento do STJ Cléber Mendes
Wilson Witzel no Palácio Laranjeiras em pronunciamento após afastamento do STJ Cléber Mendes
Wilson Witzel no Palácio Laranjeiras em pronunciamento após afastamento do STJ Cléber Mendes
Wilson Witzel no Palácio Laranjeiras em pronunciamento após afastamento do STJ Cléber Mendes
Pastor Everaldo chegando na sede da Policia Federal Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Wilson Witzel durante pronunciamento nesta sexta-feira Cléber Mendes / Agência O Dia
Bolsonaro foi batizado pelo Pastor Everaldo nas águas do Rio Jordão, em Israel, em 2016 Reprodução
Governador afastado Wilson Witzel se defende em pronunciamento Lucas Cardoso/ Agência O DIA
Pastor Everaldo chegou à Superintendência da PF por volta das 8h20 Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
Pastor Everaldo chegou à Superintendência da PF por volta das 8h20 Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
No documento de 403 páginas, a subprocuradora Lindôra Araújo, responsável pela investigação em curso desde maio, aponta a existência de três grupos ocultos instalados na máquina pública e coordenados pelo empresário Mário Peixoto, pelo presidente do PSC Pastor Everaldo, um dos 17 presos na operação de ontem, e pelo também empresário José Carlos de Melo. Enquanto os dois primeiros são conhecidos do público, Peixoto notadamente pela prisão na Lava Jato e Everaldo pela carreira como líder religioso e pelos episódios caricatos na política, o nome de José Carlos de Melo não emplacou tantas manchetes.

Menos conhecido nos noticiários, o empresário é descrito na denúncia como uma ‘pessoa de expressivo poder econômico’. Ele atuaria nos bastidores como ‘agenciador’ de empresas de diferentes setores interessadas em integrar o suposto esquema de pagamento de propinas em troca de contratos com o governo. Na representação do Ministério Público Federal, são citados exemplos recentes de negócios firmados na Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) e no Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

"Além de possuir dinheiro em espécie em volume e facilidade, ter o domínio sobre empresas contratadas pelo Poder Público, José Carlos de Melo conta com fortes relações com policiais federais e adota rotina de troca constante de números de telefone", diz um trecho do documento.

Os contatos na PF teriam vazado informações sobre a Operação Favorito, que investigou suspeitas de irregularidades em contratos da Saúde do Rio.

As informações sobre a atuação do empresário foram obtidas pelos investigadores a partir da delação premiada firmada com o ex-secretário de Saúde, Edmar Santos, que sintetizou ainda a ‘carreira’ de Melo nos esquemas. Ele teria começado como parceiro de Mário Peixoto e ganhado autonomia com a ascensão de Witzel.

"O colaborador esclarece que o relacionamento de José Carlos de Melo com o empresário Mário Peixoto já existia no passado. Com a assunção de Wilson Witzel ao governo do Estado do Rio de Janeiro, José Carlos de Melo ampliou seu poder dentro da organização, passando a liderar um grupo próprio de negócios ilícitos", registra o MPF.

O empresário pagaria ‘mesadas’ de R$300 mil a Edmar Santos, que confessou os recebimentos em espécie, e de R$150 mil ao Secretário de Ciência e Tecnologia, Leonardo Rodrigues, em troca da obtenção de contratos para empresas ‘representadas’ por ele.

Pelo menos 162 movimentações financeiras de ‘grandes volumes de dinheiro em espécie’, frequentemente superiores a R$100 mil, foram identificadas em relatórios da Unidade de Inteligência Financeira (UIF), o antigo Coaf, e, segundo o MPF, eram feitas pessoalmente ou por meio de familiares e funcionários.

Os investigadores suspeitam que o empresário tenha usado a Universidade Nova Iguaçu, onde exerce o cargo de pró-reitor administrativo, e o Centro de Assistência Profissional e Educacional, associação privada responsável pela gestão da Associação de Ensino Superior de Nova Iguaçu (SESNI), para ‘inúmeras movimentações suspeitas’, entre junho de 2016 e janeiro de 2020, que chegam à casa de R$1 bilhão.

A reportagem busca contato com a defesa do empresário. O espaço está aberto para manifestações.

Em nota, o governador afirmou: "A defesa do governador Wilson Witzel recebe com grande surpresa a decisão, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade. Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis".

Em pronunciamento o governador afastado se disse ‘indignado’ e ‘vítima de perseguição política’.

O Pastor Everaldo informa que, no dia 19 de agosto, encaminhou petição ao STJ solicitando para ser ouvido.

Na manhã desta sexta-feira, foi surpreendido com sua prisão e com a busca e apreensão realizadas em seus endereços.

Após ser preso, o Pastor Everaldo pediu para ser ouvido ainda hoje. O depoimento, no entanto, só deve acontecer na próxima segunda-feira.

O Pastor Everaldo reitera sua confiança na Justiça.

O ex-senador e ex-deputado Marcondes Gadelha, vice-presidente nacional do PSC, assume provisoriamente a presidência da legenda

O calendário eleitoral do partido nos municípios segue sem alteração.

O PSC reitera que confia na Justiça e no amplo direito de defesa de todos os cidadãos.

O Pastor Everaldo sempre esteve à disposição de todas as autoridades, assim como o governador Wilson Witzel.