Filha de homem morto próximo à Cidade de Deus mostra grafite em homenagem ao pai - Reprodução do Instagram
Filha de homem morto próximo à Cidade de Deus mostra grafite em homenagem ao paiReprodução do Instagram
Por O Dia
Rio - A filha de Marcelo Guimarães, morto nesta segunda-feira próximo à Cidade de Deus, fez uma homenagem, nesta terça-feira ao pai. Nas redes sociais, Vitória Guimarães mostrou o grafite que fizeram em homenagem ao pai e se despediu. Marcelo foi baleado e morto enquanto passava de moto para buscar o celular que havia esquecido em casa. Testemunhas dizem que o tiro partiu de um policial que estava em um blindado na via abaixo do viaduto da Linha Amarela.
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"Eu te amo, pra sempre!!! Obrigado pelo pai incrível que você foi, fazia de tudo por nós e sei que você me amava incondicionalmente, como meu irmão também.. Desculpa por todo mal que talvez eu tenha feito a você, eu sei que eu era uma filha chata as vezes e malcriada. Vou sentir saudades das suas piadas incríveis, da sua risada horrorosa e você me perguntando sempre 'filha, essa roupa tá legal?'. Guardarei os nossos momentos em minhas memórias e no meu coração. Vou te dar muito orgulho pai, me olha aí de cima hein, será por você!!! Adeus pai, eu te amo", lamentou a jovem.
O artista e grafiteiro Leandro Ice desenhou, nesta terça-feira, o rosto de Marcelo em um muro próximo de onde ele foi assassinado. "Fizeram o seu rosto em homenagem a você pai, no local onde tiraram a sua vida, foi por você!!! A luta não acabou, a justiça não acabou!!!", escreveu ela.
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"Fizeram o seu rosto em homenagem a você pai, no local onde tiraram a sua vida, foi por você!!! A luta não acabou, a justiça não acabou!!!", escreveu ela. 
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Marcelo Guimarães deixa mulher e dois filhos, Arthur Miguel, de 5 anos, e Vitória, de 19.
Manifestação
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Após o enterro de Marcelo, parentes e familiares fizeram um protesto pedindo por justiça no mesmo local onde aconteceu o crime. Lá, estiveram presentes mães das cinco vítimas da chacina de Costa Barros, cinco jovens mortos em 2015 por 111 tiros de policiais militares. 
Durante a manifestação, era possível ver pessoas com cartazes com dizeres como: "A bala acerta o preto, pobre e o trabalhador", "não existe confronto com apenas um tiro", "justiça" e "isso foi despreparo e incompetência".  
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Marcelo foi enterrado ontem, no Cemitério de Inhaúma, Zona Norte do Rio. Carina Guimarães, irmã da vítima, que estava muito emocionada, informou que não houve abordagem da polícia.

"Meu irmão estava com o uniforme do trabalho, de bota e tudo. Se tivessem parado ele, iam ver que era um trabalhador. Mas não, deram um tiro e nem prestaram socorro. Hoje minha família que está chorando, mas isso acontece constantemente. Semana passada eu fui abordada no mesmo lugar, mas tive chance de mostrar o meu crachá do trabalho e minha habilitação", desabafou.
Mãe cobra justiça
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A mãe do marmorista Marcelo Guimarães, Angélica Francisco Guimarães, 59, cobrou Justiça pela morte do mais velho dos quatro filhos. Na segunda-feira, a mulher confrontou os policiais militares que estavam reunidos no local e cobrou respeito diante da morte do filho.
Ao dirigir-se aos militares ela ressaltou que o filho não morreu por bala perdida, mas por "bala achada". Angélica contesta a versão da PM de que houve confronto no local.
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"Os policiais ficam debochando e conversando entre eles. Matam as pessoas sem abordagem", criticou. "Quero Justiça porque um policial despreparado matou meu filho", disse.
Parentes e testemunhas também denunciam que os militares não socorreram a vítima. O blindado deixou o local após a morte. Um vídeo gravado por moradores registra esse momento.
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O marmorista, que morava na Gardênia Azul, saiu de casa para levar o filho ao futebol e em seguida foi ao trabalho, na Rua Edgard Werneck. Ele retornava para casa para pegar o celular que havia esquecido quando foi baleado.
Marcelo Guimarães deixa mulher e dois filhos, Arthur Miguel, de 5 anos, e Vitória, de 19. A sobrinha do marmorista conta que Marcelo chegou a enviar uma foto do filho para parentes às 8h16, após deixá-lo no futebol. "Foi o primeiro dia de aula dele na escolinha e ele mandou foto pra família", conta a sobrinha.
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Em nota a PM nega que tenha realizado operação naquela região. Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual da PM, "equipes do 18º BPM (Jacarepaguá), que reforçam o policiamento nas imediações da comunidade, foram atacadas por disparos de arma de fogo realizados por criminosos de dentro da Cidade de Deus. Os policiais reagiram à injusta agressão e cessaram o ataque. No momento da ação, um motociclista que passava pelo local foi atingido. Infelizmente, a vítima não resistiu aos ferimentos".