Relatório anual de 2020 mostra as estatísticas de crianças e adolescentes baleados na Região Metropolitana do Rio de Janeiro - Divulgação
Relatório anual de 2020 mostra as estatísticas de crianças e adolescentes baleados na Região Metropolitana do Rio de JaneiroDivulgação
Por Bruno Gentile*
Rio - A violência e os constantes tiroteios ocorridos no Rio de Janeiro são considerados um dos maiores problemas urbanos enfrentados pela população fluminense. E, apesar de 2020 ter sido marcado pelo surgimento da pandemia da covid-19, o ano também foi manchado, por outra razão, com um triste dado que afeta cariocas e moradores de cidades vizinhas. Isso porque, no período, segundo dados da plataforma Fogo Cruzado, 22 crianças foram baleadas (oito delas morreram) e 40 adolescentes foram alvejados por tiros (18 morreram) na Região Metropolitana.
Além desses dados, a quantidade de tiroteios durante o ano passado também é alarmante. Ao todo, foram registrados 4.589 disparos de arma de fogo na região do Grande Rio, o que configura uma média de 13 tiros por dia. Ainda de acordo com o Fogo Cruzado, o mês de maio foi o que apresentou mais ocorrências de tiroteios, tendo 505 registros.
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Embora as estatísticas forneçam um panorama que mostra a dura realidade enfrentada pela população, o ano de 2020 chegou ao fim apresentando queda de 38% no número de tiroteios em comparação a 2019, quando houve 7.368 disparos na Região Metropolitana, resultando em uma média diária de 20 tiros. Seguindo a mesma analogia, também foi constatada uma redução de 43% na quantidade de tiroteios com a presença de agentes de segurança: 1.287 no ano passado e 2.247 no retrasado.
Em relação aos dados de todo o Grande Rio, a capital do estado concentrou cerca de 59% de todos os disparos de arma de fogo em 2020: foram 2.718. Logo depois, vieram as cidades de São Gonçalo (579), Duque de Caxias (318) e Belford Roxo (208), ambas na Baixada Fluminense, e Niterói (188). Além de ter a maior porcentagem, o município do Rio também é dono do maior número de mortos (313) e de feridos (413).
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Cenário de 2021: começo desesperador
Se em 2019 e 2020 as estatísticas de tiroteios e disparos foi alarmante, para 2021, a tendência é que a população do Rio tenha de continuar se preocupando com o perigo nas ruas. Isso porque, desde a virada do ano, em apenas 12 dias, a plataforma Fogo Cruzado já registrou 134 tiros de arma de fogo na Região Metropolitana.
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E, em alguns desses casos, famílias como a da menina Alice Pamplona da Silva de Souza, de 5 anos, sofrem com a morte de suas crianças. Na madrugada do dia 1° de janeiro, a garota foi vítima de uma bala perdida no Morro do Turano, comunidade do Rio Comprido, na região central da capital. De acordo com testemunhas, ela passava o Réveillon com os parentes quando foi atingida por um tiro no pescoço. 
Alice chegou a ser a levada para o Hospital Casa de Portugal, no mesmo bairro onde ocorreu o acidente, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Na época, a Polícia Militar, em nota, garantiu que não realizava nenhuma operação no local e que não poderia afirmar, ao certo, de que lugar partiu o disparo que matou a menina de apenas cinco anos.
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Nesta terça-feira (5), o dia amanheceu com outro caso de criança baleada no Rio. O menino Rafael Capela da Silva, de 7 anos, foi alvejado por um tiro na região pélvica durante confronto entre criminosos e policiais em Vicente de Carvalho, na Zona Norte da cidade, e teve de ser submetido a uma cirurgia no Hospital Estadual Getúlio Vargas (HEGV), na Penha. Mesmo já tendo sido atendido, o quadro dele ainda é considerado grave.
O pai do garoto, Flávio Menezes, levou a esposa de manhã para o trabalho e voltava para casa com o filho no banco traseiro do carro, quando homens armados que fugiam da polícia roubaram o veículo. O confronto aconteceu na Rua Agrário Menezes, em Vicente de Carvalho, a 200 metros da casa da família.
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*Estagiário sob supervisão de Thiago Antunes