Criminosos quebraram imagens e levaram objetos de valor para esconder o caráter de intolerância religiosa - Reprodução Internet
Criminosos quebraram imagens e levaram objetos de valor para esconder o caráter de intolerância religiosaReprodução Internet
Por O Dia
Rio - O estado do Rio de Janeiro registrou 1.355 crimes em 2020 que podem estar relacionados à intolerância religiosa. De acordo com o levantamento inédito do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP-RJ) divulgado nesta quarta-feira, foram mais de três casos em todos os dias do ano.
Os dados foram anunciados na véspera do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado nesta quinta-feira. Segundo o ISP, o objetivo é estimular a denúncia desse tipo de crime.
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"Nós entendemos que esses números ainda são muito subnotificados e a melhor forma de evitar que novos casos aconteçam é garantir que os agressores sejam punidos na forma da lei. Nossa Constituição assegura o livre exercício de todos os cultos religiosos e temos a obrigação de proteger esse direito", disse a diretora-presidente do ISP, Marcela Ortiz.
O instituo ainda informou que as vítimas têm receio de denunciar porque esses crimes, geralmente, são cometidos em áreas dominadas por facções criminosas.
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Os delitos foram divididos em três grupos:
1.188 vítimas de injúria por preconceito
144 vítimas de preconceito de raça, cor, religião, etnia e procedência nacional
23 casos de ultraje a culto religioso
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A última tipificação criminal é caracterizada pela ridicularização pública, impedimento ou perturbação de cerimônia religiosa. Em relação a 2019, esses números são um pouco menores já que foram registrados 32 casos deste tipo. Para o instituto, essa queda já era esperada já que os templos religiosos ficaram fechados por conta da pandemia da Covid-19.
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"Queremos distensionar a relação com a sociedade civil para construir discursos de paz. Precisamos construir pontes, não muros", explica o Humbono Rogério de Olissa, presidente do Instituto Onikoja e sacerdote do terreiro Humpame Kuban Bewa Lemin, em Sepetiba, onde o instituto promove atividades sócio culturais.

O documento cobra medidas de combate aos crimes de intolerância religiosa, valorização do patrimônio imaterial da cultura de matriz africana, garantia de espaços públicos para as práticas religiosas, promoção do diálogo inter-religioso e ensino nas escolas públicas da cultura da matriz africana e indígena, que já é prevista na lei municipal 1.645, de 2008. "Não se trata de ensino religioso, mas das culturas tradicionais", destaca o presidente do instituto.