Falta dágua em Campo Grande  - Fernanda Dias / Divulgação
Falta dágua em Campo Grande Fernanda Dias / Divulgação
Por Luana Benedito*
Rio - Moradores de vários bairros do Rio e da Baixada Fluminense relatam falta d'água, na manhã desta sexta-feira (22), após a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) suspender o sistema de produção de água na Estação de Tratamento do Guandu (ETA Guandu) por 10 horas. A paralisação aconteceu como medida de prevenção para conter um problema que alterou o cheiro e o gosto da água que chega aos consumidores.
A fotógrafa Fernanda Dias, 33 anos, foi surpreendida ao acordar com a falta d'água em Campo Grande, na Zona Oeste. "Minha mãe me disse que não tinha como tomar banho de chuveiro porque não tinha água da rua. Não dá para ficar sem água no calor que faz em Campo Grande", reclama. Nesta quinta-feira, ela tinha relatado a mudança na coloração, gosto e cheiro da água da Cedae.
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Rosa Pacheco, mãe de Fernanda, diz que a situação da água no Rio é "constrangedora". "Não houve um aviso, ninguém preparou ninguém. O pedreiro chegou para terminar a obra, teve que parar e voltar para casa. Eles já gastaram o dinheiro da passagem", comenta a professora de 67 anos.

A moradora de Campo Grande destaca que a Cedae não avisou aos consumidores e eles não puderam se preparar para a falta d'água nesta sexta-feira. "Sem contar as atividades domésticas que ficam todas interrompidas e você fica de pés e mãos atadas, porque ninguém avisou", diz Rosa. "Eu vejo como uma falta de respeito com as pessoas que pagam, e eu sou uma pessoa que nunca fico devendo. É um absurdo e eu não vejo luz no fim do túnel porque isso se repete sempre", completa.
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A situação da falta d'água também se repete na Praça Seca, na Zona Oeste. O corretor Marco Antônio, 58 anos, conta que soube da falta d'água no condomínio ao acordar. Uma vizinha comunicou os moradores em um grupo do WhatsApp. "Nós não temos cisterna aqui, não sei o que fazer. É inacreditável, um absurdo."
A dona de casa Elaine Santos, 31 anos, relata que ficou com a torneira seca na tarde de ontem. "É muito difícil ficar sem água com quatro crianças em casa nesse calor. Ninguém avisou nada pra gente", lamenta a moradora de Santa Cruz.
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O motorista José Amorim, de 54 anos, cobra uma solução da Cedae. "Ontem, a água que estava chegando pra gente era uma água com mau cheiro e gosto de lama. Hoje, nós não temos a água nem com gosto de lama, nem com mau cheiro', critica.
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O morador de São Cristóvão, em São Cristóvão, já recorreu ao depósito mais próximo para garantir os galões d'água para fazer os afazeres do dia e o preparo das refeições. "Fica difícil e a conta chegando pra gente. É triste e ao mesmo tempo uma falta de respeito com a gente consumidor", acrescenta.
Comerciante vende água, mas com torneiras secas
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Ronaldo Nunes, funcionário de um depósito de bebidas na Lapa, está faturando mais desde a última semana, quando os moradores da região começaram a viver a falta de abastecimento e a mudança na coloração da água. No seu depósito, água para vender não falta. A torneira, no entanto, nem um pingo.
"Aqui costuma faltar água. Hoje estou vendendo muita água, mas minha torneira, mesmo, não tem. Há uns três dias também faltou. Aqui na região é muito comum", comentou Ronaldo. 
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Ronaldo Nunes, que trabalha numa distribuidora de bebidas na Lapa. O estabelecimento, que vende água mineral, está sem o abastecimento de água da CEDAE. - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Ronaldo Nunes, que trabalha numa distribuidora de bebidas na Lapa. O estabelecimento, que vende água mineral, está sem o abastecimento de água da CEDAE.Estefan Radovicz / Agencia O Dia
"Hoje, às cinco da manhã, chegou um caminhão com galões de água. Pedi 35 galões de 10 litros. Até semana passada, costumava pedir apenas 20 desses galões, mas a demanda aumentou muito. O fabricante aumentou em R$ 0,50 o preço, e eu tive que aumentar em R$ 1 do lado de cá também - o galão de 10 litros está R$ 20. Os hóspedes dos hotéis da Lapa estão com medo de beber a água e estão vindo comprar aqui. Está saindo bem", comentou.

O que diz a Cedae?
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Segundo a Cedae, o sistema foi religado às 6h15 desta sexta-feira (22). Mesmo com o sistema operando em sua capacidade normal, ainda pode faltar água em bairros da capital e na Baixada Fluminense.

Consumidores que não possuem cisterna em casa podem ficar até 48 horas com as torneiras secas. A promessa é que nesse período, a água chegue sem cheiro e mau gosto. A companhia pede que clientes que possuam sistemas de reserva usem água de forma equilibrada e adiem tarefas não essenciais que exigem grande consumo de água.
A Cedae afirmou que montou esquema especial para atender hospitais e outros serviços essenciais com carros-pipa, caso haja necessidade.
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*Colaborou Yuri Eiras