Da esquerda para a direita: Alexandre, Lucas e Fernando - Arquivo Pessoal
Da esquerda para a direita: Alexandre, Lucas e FernandoArquivo Pessoal
Por O Dia
Rio - Há exatos 30 dias, familiares dos primos Alexandre da Silva, de 10 anos, e Lucas Matheus, 8, e do colega Fernando Henrique, 11 anos, vivem uma agonia que parece não ter fim. Sem informações sobre o paradeiro das crianças, resta às famílias as orações e a esperança de encontrá-los com vida. 
Nesta quarta-feira (27) completa um mês da última vez em que os três foram vistos indo brincar em um campinho de futebol na comunidade do Castelar, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A ONG Rio de Paz fará uma homenagem aos familiares, colocando cartazes com foto e nomes dos meninos em sua instalação permanente na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul carioca.
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O objetivo é chamar a atenção das autoridades de segurança do estado para que o caso não caia em esquecimento. As placas estarão ao lado de nomes de crianças que foram mortas vítimas de balas perdidas no Estado do Rio.
"Três meninos pobres desaparecidos. Por que o Rio de Janeiro inteiro não os está procurando? Viveremos numa cidade cujas relações humanas sejam tão belas quanto a sua geografia no dia em que a vida dessas crianças for levada a sério pela sociedade e poder público”, alerta o presidente da ONG Rio de Paz, Antonio Carlos Costa. 
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O desaparecimento das crianças é investigado pelo Núcleo de Descoberta e Paradeiro da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. A participação do tráfico de drogas no sumiço das crianças não foi descartada pela Polícia Civil. 
Desde o início das investigações a polícia esteve em mais de 30 pontos, entre bairros da capital e municípios da Baixada Fluminense, onde, segundo denúncias, as crianças teriam sido vistas. Também foram analisadas mais de 40 câmeras de segurança, mas nenhuma delas registrou a imagem dos garotos. 
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A Polícia Civil aguarda o resultado final de exame de DNA feito em um roupas encontradas em uma casa na comunidade perto de onde os meninos moram.
Uma linha de investigação é que os três meninos teriam sido mortos por bandidos, após o roubo de uma gaiola de um morador do Castelar. Segundo testemunhas, o dono da gaiola é tio de um traficante da comunidade.  
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Moradores do Castelar acusaram um homem de ter matado os meninos em um ritual de magias. Ele chegou a ser levado para a sede da DHBF e prestou depoimento. Ele negou o crime e alegou ter sido torturado por traficantes. O delegado Uriel Alcântara, titular da especializada, disse que o homem foi preso por armazenar conteúdo erótico com imagens de crianças no celular. 
No mesmo dia, parentes e amigos das crianças fizeram um protesto na porta da delegacia. Um ônibus foi incendiado e o clima no bairro ficou tenso. 
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Números
A Fundação para a Infância e Adolescência (FIA) registrou, em todo o estado, 148 casos de desaparecimento, entre crianças e adolescentes, em 2020.
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Desses, 119 casos foram solucionados e as crianças entregues às famílias. Esse número representa cerca de 80% dos casos.
Desde 1996, quando o sistema SOS Crianças Desparecidas passou a registrar os desaparecimentos de crianças e adolescentes, foram 3,780 casos registrados. 3220 menores foram encontrados.