Operação da Polícia Civil com a Polícia Rodoviária Federal na Favela Kelsons, na Penha, Zona Norte do Rio, na manhã desta terça-feira - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Operação da Polícia Civil com a Polícia Rodoviária Federal na Favela Kelsons, na Penha, Zona Norte do Rio, na manhã desta terça-feiraEstefan Radovicz / Agencia O Dia
Por Beatriz Perez e Anderson Justino
Rio - Traficantes da favela Kelson's, na Penha, Zona Norte do Rio, ocupam uma Escola Municipal na comunidade da Zona Norte do Rio. O fato foi constatado nesta terça-feira pela Polícia Civil, que mobilizou 200 agentes para realizar uma operação na região. O principal objetivo era colher provas e levantar informações sobre outros suspeitos e testemunhas da morte de Bianca Lourenço, de 24 anos.
A polícia informou em coletiva na Cidade da Polícia no Jacarezinho, no fim da manhã desta terça-feira, que bandidos montaram barricadas com trilhos de trem e tonéis em frente à Escola Municipal Cantor Compositor Gonzaguinha.
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Durante a incursão da polícia, dois suspeitos que estavam dentro da unidade escolar morreram após confronto com os policiais. Um deles chegou a ser socorrido, segundo a secretaria. A Polícia não sabe precisar quantos bandidos estão dentro da unidade escolar.
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"Encontramos forte resistência, inclusive na região em volta da escola, que está tomada pelo tráfico de drogas. Existem barricadas coladas à escola. Os marginais entraram em confronto armado e dois deles foram 'neutralizados' (mortos) dentro da escola. Com eles, foram encontrados material de guerra: drogas, carregador de fuzil e duas pistolas. Isso demonstra que os marginais estavam ali para guerra", disse o Fábio Salvadoretti, representante da Core na coletiva.
A Secretaria Municipal de Educação diz em nota que a Escola Municipal Cantor e Compositor Gonzaguinha, na Penha, não está ocupada por traficantes. "Nesta terça-feira, dia 26/1, bandidos invadiram a unidade para escapar de cerco policial. A polícia é o canal para passar detalhes da operação", diz o texto. A direção da unidade vai solicitar reforço policial junto à unidade.
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Na operação, que começou nas primeiras horas do dia, quatro pessoas foram detidas e levadas para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho. Na coletiva de imprensa, as autoridades não detalharam as circunstâncias da prisão dos homens.
"Os quatro suspeitos integram aquele grupo criminoso que atua na comunidade. Nós temos diversos elementos que provam isso. Eles vão responder pelo crime de associação ao tráfico. Material foi recolhido e vamos analisar quando retornar para a delegacia", disse Wellington Marcio Branco, da 22ª DP (Penha). Para o investigador da DH, Leandro Costa, "nada impede que os presos tenham participado do homicídio de Bianca".
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Carro utilizado no crime não é encontrado
Elemento central nas investigações sobre a morte da jovem, o carro utilizado no crime, um HB20 cinza, não foi localizado. A polícia acredita que o carro poderá ajudar na busca de outros envolvidos na morte. No porta-malas do veículo, a jovem foi vista pela última vez com marcas de tiro, no alto do Complexo da Penha. "Esse veículo é central na dinâmica do crime porque foi usado pelos autores. A partir dele, podemos chegar a outros envolvidos", disse o delegado Leonardo da Costa que participa da investigação da DH.
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O investigador arescentou que a operação desta terça-feira foi exitosa em levantar informações para o segundo momento da investigação, mas não revelou como as diligências foram feitas e o que foi colhido. "A gente tem relato de outros envolvidos no crime, que não foram identificados, mas a operação foi bastante produtiva para o levantamento de informações", defendeu.
Durante a coletiva, os delegados defenderam a operação, apesar de nenhum chefe do tráfico ter sido preso. Segundo o delegado Ronaldo de Oliveira, assessor do secretário da Polícia Civil Allan Turnowski, Dalton, apontado como autor do homicídio, não está na favela Kelson's. "O objetivo principal era colher dados para a Delegacia de Homicídios da Capital (DH). A gente sabia que o traficante não estava na favela. Mas é importante colhermos elementos para o inquérito ficar robusto e que ele não saia (da prisão) depois que pegarmos ele. Vamos prendê-lo, não tenho dúvida nenhuma", disse Ronaldo de Oliveira.
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A primeira fase da investigação foi finalizada com a identificação de três envolvidos: o ex-companheiro de Bianca e chefe do tráfico local, Dalton Luiz Vieira Santana; o braço-direito de Dalton, apelidado de 'Enzo da mamãe'; e o chefe do Complexo da Penha, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, responsável por autorizar a execução da vítima.
Segundo o delegado da DH Leonardo Costa, Enzo foi o responsável por localizar Bianca e informar a Dalton sobre seu paradeiro. Em seguida os dois participaram do sequestro da jovem, que foi levada para o alto do Complexo da Penha.
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Segundo a polícia, foi Dalton quem executou a jovem. Ele também é responsável por ter jogado o corpo dentro de um tonel à beira da Praia do Fundão. Bianca desapareceu no último dia 3, quando foi retirada a força de uma confraternização com amigos. O corpo dela foi encontrado no dia 12, por policiais militares do 17º BPM (Ilha do Governador).