Ato simbólico na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio, marca um mês do desaparecimento de três crianças de Belford Roxo - Divulgação / ONG Rio de Paz
Ato simbólico na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio, marca um mês do desaparecimento de três crianças de Belford RoxoDivulgação / ONG Rio de Paz
Por O Dia
Rio - A ONG Rio de Paz fez um ato, nesta quarta-feira, para marcar um mês do desaparecimento de Alexandre da Silva, de 10 anos, e Lucas Matheus, 8, e do colega Fernando Henrique, 11 anos, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A organização colocou cartazes com foto e nomes dos meninos em sua instalação permanente na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio.
As placas, que têm telefones para quem tiver informações sobre o paradeiro dos meninos fazer contato, tem também como objetivo chamar a atenção das autoridades de segurança do estado para que o caso não caia em esquecimento. Informações sobre a localização dos meninos podem ser enviadas ao Disque-Denúncia (21) 2253-1177. O anonimato é garantido.
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"Quem é da minha geração se lembra do caso Menino Carlinhos (Carlos Ramires da Costa), sequestrado em 1973 e que nunca apareceu). Naquela época, o Brasil parou e só se fazia uma pergunta: onde está o menino Carlinhos? Por que hoje a sociedade não está mobilizada para descobrir o paradeiro desses meninos. São pobres, negros e de favela. Para a muitos, essas vidas não existe. É inadmissível que as pessoas não se sensibilizem com o drama dessas famílias", disse Antonio Carlos Costa, presidente do Rio de Paz.
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O desaparecimento das crianças é investigado pelo Núcleo de Descoberta e Paradeiro da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. A participação do tráfico de drogas no sumiço das crianças não foi descartada pela Polícia Civil.
Desde o início das investigações a polícia esteve em mais de 30 pontos, entre bairros da capital e municípios da Baixada Fluminense, onde, segundo denúncias, as crianças teriam sido vistas. Também foram analisadas mais de 40 câmeras de segurança, mas nenhuma delas registrou a imagem dos garotos.
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A Polícia Civil aguarda o resultado final de exame de DNA feito em um roupas encontradas em uma casa na comunidade perto de onde os meninos moram.
Uma linha de investigação é que os três meninos teriam sido mortos por bandidos, após o roubo de uma gaiola de um morador do Castelar. Segundo testemunhas, o dono da gaiola é tio de um traficante da comunidade.
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Moradores do Castelar acusaram um homem de ter matado os meninos em um ritual de magias. Ele chegou a ser levado para a sede da DHBF e prestou depoimento. Ele negou o crime e alegou ter sido torturado por traficantes. O delegado Uriel Alcântara, titular da especializada, disse que o homem foi preso por armazenar conteúdo erótico com imagens de crianças no celular.
No mesmo dia, parentes e amigos das crianças fizeram um protesto na porta da delegacia. Um ônibus foi incendiado e o clima no bairro ficou tenso.
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Números
A Fundação para a Infância e Adolescência (FIA) registrou, em todo o estado, 148 casos de desaparecimento, entre crianças e adolescentes, em 2020.
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Desses, 119 casos foram solucionados e as crianças entregues às famílias. Esse número representa cerca de 80% dos casos.
Desde 1996, quando o sistema SOS Crianças Desparecidas passou a registrar os desaparecimentos de crianças e adolescentes, foram 3,780 casos registrados. 3220 menores foram encontrados.