Profissionais de creches conveniadas em ato na sede da prefeitura, nesta terça (23) - Divulgação / Acreperj
Profissionais de creches conveniadas em ato na sede da prefeitura, nesta terça (23)Divulgação / Acreperj
Por Jorge Costa*
Rio - Representantes e funcionários de 203 creches conveniadas do município do Rio realizaram, no fim da manhã desta terça-feira, uma manifestação em frente à Prefeitura, na Cidade Nova, para exigir o pagamento dos 5 meses de atraso no repasse de verbas para as instituições. O pagamento não é feito desde outubro do ano passado, ainda na gestão de Marcelo Crivella.

O ato começou nesta manhã, às 11h, e foi organizado pela Associação das Creches e Pré-Escolas Conveniadas, Confessionais, Comunitárias e Filantrópicas do Município do Rio de Janeiro (Acreperj). Segundo a entidade, cerca de R$ 60 milhões não foram pagos às instituições, deixando em risco o atendimento de 22 mil crianças. Cerca de 5 mil funcionários estão sem salários.
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Os profissionais carregaram faixas e placas com mensagens de ordem, cobrando que a prefeitura realize o pagamento. "Educação não é gasto, é investimento", diz uma das placas. Outros funcionários carregam uma faixa com a frase "estamos com os repasses da prefeitura atrasados". 
A auxiliar Ana Regina da Silva da creche Escola Comunitária Sítio Alegre, em Sepetiba, Zona Oeste do Rio, afirmou que está há cinco meses sem receber salário e disse que se a prefeitura não agir, cinco mil pessoas podem ficar desempregadas. "Estamos há cinco meses sem salário, com dívidas atrasadas e sem colocar comida na mesa. Cadê o amor ao próximo? Nosso trabalho não é só voltado aos alunos, mas à comunidade da Zona Oeste, que já tem a tendência de ser ignorada pela prefeitura do Rio", desabafou Ana.

Com a pandemia, o serviço de atendimento presencial das creches foi interrompido. Contudo, durante os 11 meses em que não ocorreu a recepção física, os profissionais continuaram realizando atividades educacionais de maneira remota.

A diretora da Acreperj, Regina Luzia Ferreira Gomes, afirmou que não foi recebida pelo Secretário de Educação, Renan Ferreirinha (PSB), e que os funcionários apenas prometeram realizar o repasse de janeiro.

"Nós pedimos a regularização do repasse dos recursos atrasados de outubro até dezembro, e que seja regularizado os nossos pagamentos para que possamos trabalhar dignamente. Já tivemos duas creches fechadas, nós não queremos que as unidades conveniadas fechem, são 5 mil funcionários, alguns deles, sem salário desde o mês de outubro. Nós só queremos fazer o nosso trabalho dignamente", afirmou Regina.

Regina também mencionou que sem os repasses não é possível realizar a entrega das cestas básicas, prejudicando o atendimento das famílias mais carentes. “Desde outubro não estamos entregando mais as cestas básicas para as crianças que nós assistimos. Precisamos de condições dignas e dos repasses para as nossas contas para que possamos prestar o atendimento dignamente”, concluiu.

Procurada nesta tarde, a Secretaria Municipal de Educação afirmou em nota que começa a pagar às creches conveniadas a partir da próxima semana. O valor referente ao mês de janeiro gira em torno de R$ 15 milhões. São cerca de 23 mil alunos atendidos por 203 instituições.
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Ainda em nota, a SME ressaltou que a dívida relatada foi deixada pelo governo anterior, e a atual gestão está realizando um diagnóstico sobre os valores não pagos pela administração passada. Em função da pandemia, as unidades escolares deste segmento estão fechadas desde março do ano passado.
Por fim, o órgão reforçou que a proposta de redução em 25% da verba foi feita pela administração anterior, em comum acordo com os responsáveis pelas creches conveniadas, como os antigos gestores disseram.  
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Profissionais terceirizados de educação também estão sem salários

Profissionais terceirizados da rede municipal de educação também realizaram ato na sede da Prefeitura nesta segunda (22), para reivindicar salários atrasados. Merendeiras, serventes, auxiliares de serviços gerais, controladores de acesso de diversas empresas terceirizadas alegam estar sem receber o pagamento, em alguns casos o atraso chega há quatro meses. Segundo eles, o 13º também não foi debitado.

O protesto foi realizado pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe). No local, profissionais carregam faixas e pedem o pagamento dos salários. "Paes, pague nossos salários e garanta nossos empregos", escreveram em uma das faixas.

Procurada pelo DIA, a Secretaria Municipal de Educação ressaltou que os profissionais não são da Prefeitura e que a empresa contratada que é a responsável pelo pagamento dos salários. "As empresas para as quais os profissionais trabalham também respondem pelo pagamento de rescisão contratual e demais benefícios", informaram.

A pasta também afirmou que as merendeiras não trabalham nas escolas da rede municipal desde março do ano passado e o contrato está suspenso desde abril com a Coordenadoria Regional de Educação.
* Estagiário sob supervisão de Thiago Antunes