Policia - Jovem Arilson Santiago, atingido por bala perdida quando saia para o trabalho. O jovem foi vitima de tiros na manha deste domingo (28), sendo encaminhado para o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat). Ele nao resistiu ao ferimento. Na foto, Barbara Thamyres de Araujo, viuva, no IML de Tribobo.
Policia - Jovem Arilson Santiago, atingido por bala perdida quando saia para o trabalho. O jovem foi vitima de tiros na manha deste domingo (28), sendo encaminhado para o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat). Ele nao resistiu ao ferimento. Na foto, Barbara Thamyres de Araujo, viuva, no IML de Tribobo.Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por *Thalita Queiroz
Rio - A Delegacia de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG) informou, nesta segunda-feira (01), que policiais do 7º BPM (São Gonçalo), envolvidos no tiroteio que terminou com a morte do jovem Arilson Santiago, 21 anos, em São Gonçalo, na manhã deste domingo (28), mantiveram a versão inicial que a equipe foi atacada por disparos de arma de fogo efetuados por criminosos da região.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Mário Lamblet, alguns familiares de Arilson também serão ouvidos. "Ouvimos os policiais e eles continuam afirmando que houve disparos contra eles. Estaremos agora fazendo perícia dessas imagens para confirmar se houve algum tipo de confronto. Ainda estamos colhendo mais informações da ação deles na localidade", explicou o delegado.

Ainda segundo Mário Lamblet, o resultado da perícia balística deve sair ainda nesta semana. A DH trabalha com duas versões até o momento, já que os moradores da região alegam que não houve confronto, mas sim um único tiro. "Foi um tiro único e fatal, todo dia 5h30 e 6h da manhã eles estão lá. Dão tiros todo dia. Domingo, sábado, dia de semana... É comum eles estarem ali. E se fosse em horário escolar? Ontem foi um, amanhã pode ser dois e três, quando isso vai acabar?", desabafou Ana Carolina Santiago, irmã de Arilson Santiago.
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O vídeo a ser analisado se trata de uma gravação de câmera de segurança que registrou o momento exato em que PMs saem de dentro de duas viaturas, na Rua Dalva Raposo, em Tribobó, São Gonçalo, e correm na direção a duas motos em atitude suspeita. Um dos disparos atingem o jovem frentista Arilson, de 21 anos.

As imagens registradas não mostram o momento em que Arilson foi atingido e não é possível saber a origem dos tiros, se foram feitos por traficantes ou pelos agentes.

Frentista morre a caminho do trabalho

Arilson Santiago foi baleado e morto, na manhã deste domingo (28), vítima de tiro enquanto estava no interior de um carro indo para o posto de gasolina onde trabalhava, por volta das 5h, durante um confronto entre policiais e traficantes. Segundo parentes, ele tinha pego carona e estava acompanhado do gerente e de um amigo do trabalho.
O jovem foi socorrido e levado ao Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), no Colubandê, mas não resistiu aos ferimentos.
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Moradores protestam contra morte do jovem
Moradores fizeram um protesto na comunidade Palha Seca, no bairro de Tribobó, em São Gonçalo, na tarde deste domingo, na RJ-106. Segundo manifestantes, o ato foi por conta da morte de um jovem de 21 anos, durante a madrugada.
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O grupo queimou pneus e galões na via, interditando uma faixa da rodovia. O trânsito ficou complicado no local, nos dois sentidos. Familiares e os amigos pediam justiça pela morte de Arilson Santiago.
O enterro de Arilson Santigo aconteceu na tarde desta segunda-feira, no Cemitério Parque Nicteroy, em São Gonçalo.
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Especialista aponta que policiais só deveriam fazer uso da arma em situações de risco

O DIA procurou o professor Ignácio Cano, especialista na área de segurança pública e membro do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, para examinar a atuação dos policiais registrada pela câmera de segurança. Segundo o pesquisador, não é possível identificar exatamente se os disparos foram feitos por policiais ou não.

"Se a polícia estiver atirando nessa posição, longa distância, essas pessoas na motocicleta não representam uma ameaça direta ao policial. Então não tem nenhuma justificativa para atirar, [pois] os disparos a essa distância podem colocar também outras pessoas atrás e os motoristas em risco", afirmou Ignácio.

Ele também mencionou que o uso da arma neste contexto não seria correto. "É absolutamente inapropriado o uso da arma [neste contexto], se é que a polícia atirou nesse momento, como parece no vídeo, embora não se veja o momento exato do suposto disparo do policial", concluiu.

Questionado sobre qual deveria ser o procedimento padrão para a atuação policial no contexto deste vídeo, o professor disse que os agentes deveriam ter se aproximado sem efetuar disparos, e que os policiais só podem atirar se a vida de alguém estiver em perigo.
*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes