Ônibus com lotação máxima no bairro de Madureira, na Zona Norte do Rio
Ônibus com lotação máxima no bairro de Madureira, na Zona Norte do RioReprodução/TV Globo
Por Bernardo Costa
Rio - Questionado pelo DIA sobre medidas para conter a aglomeração nos coletivos da cidade, um dos maiores focos de disseminação da covid-19 segundo especialistas, o prefeito do Rio Eduardo Paes respondeu que só com o lockdown para conter as aglomerações nos ônibus. A declaração foi feita, na manhã desta quinta-feira, em entrevista coletiva no Centro de Operações Rio, em que foram apresentadas as novas medidas restritivas que entrarão em vigor na cidade a partir desta sexta-feira e o boletim epidemiológico atualizado. 
"É muito difícil (resolver a aglomeração nos ônibus). Ontem (quarta-feira) anunciamos a cassação do BRT e da bilhetagem eletrônica. A gente tem muita dificuldade em agir nessa área, muita dificuldade em ampliar o número de ônibus. A única medida que permitiria deter esse cenário de risco nos transportes seria o lockdown, que não é indicado pelos cientistas agora. Então, a gente vai agir onde a gente consegue agir", disse o prefeito. 
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"Lembrando que a gente reforça a utilização da máscara nos ônibus, e tem multa para quem não utilizar a máscara... Estamos tentando mitigar esse problema", acrescentou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
No início de fevereiro, a prefeitura notificou a Rio Ônibus, que representa os consórcios em operação na cidade, para que sejam retomadas as atividades de 40 linhas que desapareceram ou tiveram redução significativa de carros durante a pandemia, o que contribuiu para maior lotação nos coletivos e o consequente aumento do risco de disseminação da doença. 
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Segundo a Secretaria municipal de Transportes (SMTR), as linhas consideradas de alta prioridade devem retornar às ruas até 30 de março e as linhas de média prioridade, até 30 de abril.
Questionado pelo DIA se as empresas apresentaram o cronograma de reativação das linhas, como determinava a notificação da prefeitura, Eduardo Paes respondeu:
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"A gente está fazendo uma intervenção (no contrato de concessão do BRT), você acha que esses caras estão apresentando algum cronograma? Estamos cassando a concessão".
Já no BRT, a prefeitura afirma que o sistema opera com a metade do número de ônibus previsto no contrato de concessão: 199 carros em circulação quando deveriam ser 413.
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Perguntada sobre as medidas para conter a aglomeração nos ônibus, a SMTR respondeu que, desde o início da pandemia, as ações de fiscalização aplicaram mais de 6.400 multas aos quatro consórcios atuantes na cidade e ao BRT Rio, por infrações como lotação indevida e descumprimento de normas sanitárias.
Já sobre a determinação para o retorno às ruas de 40 linhas de ônibus, a SMTR diz que os prazos para o envio do cronograma e reativação das linhas ainda não venceu. E que, caso os prazos não sejam cumpridos, as empresas serão multadas por descumprimento de ofício e por não operarem as linhas.  
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Atualmente, o BRT Rio conta com 297 articulados, sendo que 97 estão parados aguardando manutenção. Estes problemas de quebras de veículos estão relacionados com as condições precárias das pistas, principalmente nos corredores Transoeste e Transcarioca. Buracos, desníveis, depressões afetam diretamente a operação do BRT. Veículos que deveriam durar 20 anos, duram apenas cinco, no Rio.

Devido à queda de demanda de passageiros por conta da pandemia, hoje em 45%, e ao não reajuste da tarifa há 26 meses, entre outros motivos, o BRT Rio não tem capacidade financeira para renovar a frota.

Em relação ao transporte durante a pandemia de Covid-19, o BRT Rio reforça que a fiscalização de acesso aos ônibus cabe aos agentes públicos com poder de polícia, já que os operadores de estação e os motoristas não têm o poder de barrar passageiros que forçam a entrada nos ônibus.
Em nota, a Rio Ônibus afirmou que está em contato com a SMTR para fazer os ajustes necessários nas linhas. Também disse que os consórcios estão "operando no limite de sua capacidade econômico-financeira, sendo necessário aporte de recursos para que esta questão seja melhor resolvida". 
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Novas cepas: 18 novos casos confirmados 
Segundo Márcio Garcia, superintendente de vigilância em saúde da prefeitura, foram identificados nesta semana 18 novos casos de pessoas identificadas com as novas cepas do coronavírus no Estado do Rio, provenientes do Reino Unido e de Manaus. 
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"São confirmações a partir de exames de laboratório enviados pela Fiocruz. Os municípios de residência dessas pessoas ainda está em investigação. Mas já sabemos que cinco desses novos casos são de moradores da cidade do Rio", explicou Márcio Garcia, na entrevista coletiva da manhã desta quinta-feira.
Ao todo, o Estado do Rio tem 25 casos confirmados de pessoas infectadas com as cepas do Reino Unido e de Manaus do coronavírus.  
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Até o momento, foram identificados 25 casos de outras variantes no Estado do Rio de Janeiro pelo Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo (LVRS) da Fiocruz, sendo 24 casos da P.1. (brasileira) e um da B.1.1.7 (britânica). Os novos casos detectados esta semana estão em investigação epidemiológica pelas secretarias de Saúde do Estado e do município e as informações serão divulgadas após a conclusão.

Até a semana passada, sete casos haviam sido identificados no município do Rio, um deles de morador de Manaus que tinha sido transferido no início de fevereiro para a Capital fluminense e faleceu no dia 18 no Hospital Federal dos Servidores do Estado. Os outros seis são moradores do Rio, sendo que três deles tiveram viagens recentes para cidades do estado do Amazonas