Durante o início da manhã, foi possível identificar a formação de filas de passageiros dentro da estação BRT Santa Cruz
Durante o início da manhã, foi possível identificar a formação de filas de passageiros dentro da estação BRT Santa CruzReprodução / TV Globo
Por Jorge Costa*
Rio - Passageiros que dependem do sistema BRT voltam a enfrentar filas e demora para embarcar nos ônibus articulados na estação de Santa Cruz nesta quarta-feira (24), no segundo dia de intervenção da Prefeitura do Rio sobre o consórcio.

A prefeitura anunciou na terça (23) a criação da linha emergencial Santa Cruz x Alvorada, composta por 20 ônibus comuns, que vão realizar o trajeto expresso entre os pontos finais, sem paradas intermediárias durante os horários de pico. No primeiro dia, a medida surtiu efeitos e desafogou o número de passageiros na estação do BRT de Santa Cruz, mas a ação não diminuiu o drama de quem depende do consórcio para realizar os trajetos intermediários.

Nesta quarta (24), a estação do BRT voltou a permanecer com longas filas e lotação dos veículos. A projeção da prefeitura é que atualmente há um número aproximado perto de 140 articulados fazendo parte da composição do consórcio. A frota estimada pelo poder público em contrato seria de 413 unidades para alimentar o sistema.

O passageiro Maycow Duarte fez o trajeto utilizando a nova linha emergencial nesta manhã, às 8h36, e disse que teve uma boa experiência. “Peguei esse alternativo Santa Cruz x Alvorada, super rápido e vazio, se continuar assim, vai ser maravilhoso! Ainda me deixou dentro da Alvorada sem pagar passagem para levar o próximo BRT!”, afirmou.
Segundo a passageira Adriana Camilo, houve uma melhoria no serviço, mas ainda com uma fila muito grande. "Tem muitos ônibus sim, mas quando cheguei na estação estava uma fila gigantesca. Resolvi pegar o 20 (linha Santa Cruz x Salvador Allende) e demorou muito. Está um pouco enrolado ainda, mas vamos ver se melhora", disse. 
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No Twitter, outra passageira fez um desabafo mencionando a importância de também atender o restante dos passageiros que precisam desembarcar em outras estações.
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A Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) informou em nota que houve uma redução de seis ônibus articulados em relação aos que operavam ontem em função do estado precário da frota. Ou seja, hoje só saíram das garagens 134 veículos. 
A SMTR disse ainda que dos 134 veículos que estavam em operação nesta manhã, 17 quebraram durante as viagens. A equipe da Intervenção segue trabalhando para aumentar o número de ônibus, com foco na aquisição de peças para o reparo dos veículos. 
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Por fim, a secretaria afirmou que 40 ônibus comuns estão sendo disponibilizados à população para fazer o trajeto emergencial Santa Cruz/Alvorada, sem paradas, nos horários de pico. Além dos articulados para quem precisa saltar antes. E que está fazendo uma avaliação do serviço no início de intervenção do BRT para prosseguir com os ajustes necessários na operação do sistema.
Força-tarefa quer saber número real de articulados abandonados
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Uma força-tarefa criada pelo deputado Dionísio Lins (Progressistas) terá como primeira ação visitar o pátio onde os articulados estão parados aguardando reparo. O parlamentar defende a criação de um mutirão para tentar recuperar e colocar em funcionamento os articulados que possuam problemas de fácil solução, melhorando momentaneamente o serviço, utilizado atualmente por 150 mil usuários.

“O BRT precisa urgentemente de gestão visando exclusivamente a população do Rio. A colocação de ônibus extras na Zona Oeste funcionou no primeiro dia, mas hoje as filas voltaram em Santa Cruz; e os demais ramais, também receberam esse reforço? Importante saber também de onde esses ônibus especiais estão vindo e se estão deixando de atender usuários de outros bairros. Em minha opinião, uma Parceria Pública Privada (PPP) seria fundamental para assegurar uma gestão eficiente não só para BRT, mas para todos os demais modais de transportes”, afirmou Dionísio.

O deputado, por meio da força-tarefa, também pretende cobrar da prefeitura o número de empresas que devem participar da licitação, a idoneidade de cada uma delas, o valor dos contratos e se haverá alteração no valor da passagem e na grade de horário. Em conjunto com essas ações, também serão cobrados o planejamento no reforço de fiscalização nas plataformas para evitar aglomerações e o número real de articulados em circulação e em manutenção.

“O sistema hoje se encontra em estado falimentar e precisando de ajuda urgente, já que o prefeito prometeu devolver aos cariocas esse meio de transporte. Nossa finalidade é a de contribuir com a melhora da qualidade de serviço para recuperar um meio de transportes que se tornou indispensável para os cariocas”, concluiu.
*Estagiário sob supervisão de Cadu Bruno