Julia está foragida e tenta revogar pedido de prisão
Julia está foragida e tenta revogar pedido de prisãoReprodução da internet
Por Bruna Fantti
Rio -- Um relatório de inteligência da Polícia Civil, obtido pelo DIA, transcreveu dados dos e-mails de Julia Lotufo, viúva de Adriano Nóbrega. Ela é procurada, há duas semanas, por lavar o dinheiro da fortuna ilícita do marido. Nóbrega foi morto em fevereiro do ano passado, na Bahia, para onde fugiu após ser denunciado como integrante da milícia de Rio das Pedras.
Nos e-mails recuperados após uma busca e apreensão, no ano passado, um chama a atenção: ela fez uma compra, pela internet, em 2013, em uma loja de departamentos, para ser entregue ao coronel Fernando França Martins e o chamou de “padrinho”, no corpo da mensagem.
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Na época, o governador do Rio era Sérgio Cabral; Régis Fitchner, chefe da Casa Civil e, o coronel Martins, por sua vez, secretário de Fitchner. O oficial foi preso em 2019 com Fitchner, em uma fase da operação Lava-Jato.  Na ocasião, Martins recebeu o apelido de ‘o homem da mala’, já que foi apontado por levar dinheiro vivo, de propina, para o chefe.
A Lava-Jato também disse que Fitchner transferiu R$ 724 mil ao coronel. À Justiça, Martins nega as acusações do Ministério Público Federal. A sua defesa não foi encontrada para comentar o e-mail de Julia. Procurado pela reportagem, o advogado de Julia, Décio Lins, disse que “ela já trabalhou com ele (Martins)".
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Ainda nos e-mails, a polícia encontrou fotos de fazendas, uma delas o Haras Dona Moça, na Paraíba, onde Nóbrega comercializava equinos, e uma outra propriedade em Guapimirim, no Rio. Nela, gados da raça Nelore se destacavam.
Os investigadores encontraram, também, fotos de carros de luxo. Um deles, ficou comprovado que Julia usava: um Honda Civic Touring, comercializado em torno de R$125 mil. A foto de um helicóptero, avaliado em R$ 5 milhões, também constava, assim como propagandas de casas de festas e restaurantes. O boleto do seu condomínio era de R$5 mil.
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Em uma troca de mensagem com uma companhia de pacotes turísticos, ela negociava uma viagem para o seu ex-marido, Rodrigo Bitencourt, preso também pela lavagem de dinheiro da quadrilha. Já em outro e-mail, ela realizava o orçamento de uma viagem para Daniel Alves de Souza, braço direito do major Ronald Pereira, um dos líderes dos matadores de aluguel conhecidos como ‘Escritório do Crime’.
Fuzil e planilha de contabilidade
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Ainda em uma das pastas recuperadas da nuvem de Julia, os investigadores encontraram uma foto de dois fuzis e uma planilha de contabilidade — essa última utilizada na denúncia da operação Gárgula, que desencadeou o seu pedido de prisão, por gerenciar as contas da quadrilha. Uma foto avulsa do então vereador Ítalo Ciba foi encontrada.
À reportagem, ele disse que a relação dele era de amizade com Adriano Nóbrega, com quem trabalhou na PM. “A última vez que eu o vi foi em 2017. Ele foi na festa do meu aniversário”, declarou. Assim como Nóbrega, Ciba também recebeu a Medalha Tiradentes de Flávio Bolsonaro, então deputado no Rio.
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Nóbrega teve a mãe e a ex-mulher empregadas no gabinete de Flávio que, segundo promotores, eram funcionárias fantasmas, envolvidas no esquema de ‘rachadinhas’ instaurado no local pelo assessor Fabrício Queiroz. 
Julia encontra-se foragida e a sua defesa entrou com um pedido para revogar a prisão. De acordo com seu advogado, Julia teme pela sua vida e de sua filha, razão pela qual não se entregou. Na época da morte de Adriano, ela disse que ele foi executado.