Henry teve pelo menos 46 minutos de pânico na presença de Jairinho
O DIA teve acesso ao laudo em que é possível contabilizar o tempo em que o menino se aninhou no colo da babá, que narrou o estado de choque dele à mãe após agressões sofridas. Monique Medeiros nada fez
Por Bruna Fantti
Rio -- Na tarde do dia 12 de fevereiro, Henry Borel, de 4 anos, foi chamado no quarto pelo vereador Jairo de Souza, o doutor Jairinho, para “ver algo que o tio tinha comprado”. Após fechar a porta, a criança recebeu uma banda, chutes e socos.
A Polícia Civil não sabe quanto tempo durou essa sessão de espancamento, mas os momentos que se seguiram, relatados em tempo real pela babá pelo telefone à mãe da criança, Monique Medeiros, foram fundamentais para o pedido de prisão dela e do padrasto, na quinta-feira.
O DIA teve acesso ao laudo original do celular de Monique, que apagou as mensagens daquele dia, mas chegou a tirar um print da conversa - recuperada pela polícia na sua galeria de fotos.
No documento é possível contabilizar os minutos de pânico da criança, enquanto Jairinho permanecia na casa. Foram 46 minutos em que Henry, após sair mancando do quarto, só fez um pedido: ficar aninhado no colo da babá. A cuidadora, por sua vez, usou o WhatsApp para relatar o que estava ocorrendo à mãe.
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Enquanto o menino, para proteger a mãe, ficava em silêncio, já que fora coagido pelo padrasto, Monique permanecia apática. Não correu para casa, não denunciou, não afastou Henry de Jairinho. Sua negligência resultou em cumplicidade no assassinato do filho, ocorrido na madrugada do dia 8 de março.
“É incompreensível a falta de reação da mãe diante das agressões relatadas pela babá, ali ela tinha que ter tomado uma atitude de procurar as autoridades e afastar o menino daquele imóvel”, afirmou à reportagem o delegado Antenor Lopes, diretor do Departamento Geral de Polícia Capital.
De acordo com o laudo, eram 16h30 quando Jairinho deixa Henry sair do quarto, e a babá logo avisa: 16:32 – THAYNA: Abriu a porta do quarto 16:32 – MONIQUE: E aí? 16:32 – MONIQUE: Aí meu pai amado (foto parcial, enviada por THAYNA, aparentemente com HENRY NO COLO)
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Logo depois, a criança permanece calada. E, Jairinho intimida a babá a não falar nada para a mãe. 16:35 – MONIQUE: Deu ruim? 16:35 – MONIQUE: Sabia 16:35 – MONIQUE: Pergunta tudo 16:35 – MONIQUE: Pergunta o que o tio falou 16:35 - THAYNA: Então agora não quer ficar na sala sozinho 16:35 - THAYNA: Só quer ficar na cozinha 16:36 - THAYNA: Jairinho falou thayna deixa a mãe dele fazer as coisas
Henry só fala o que realmente ocorreu quando Jairinho sai de casa.
17:16 – THAYNA: Saiu agora 17:16 – THAYNA: Tá eu e Henry em casa só (...) 17:25 – THAYNA: Então me contou que deu uma banda e chutou ele que toda vez faz isso 17:25 – THAYNA: Que fala que não pode contar 17:25 – THAYNA: Que ele perturba a mãe dele 17:26 – THAYNA: Que tem que obedecer ele
Agora, a polícia espera saber o motivo da babá ter mentido em um primeiro depoimento. Seu celular já está sendo analisado por peritos. Na sexta-feira, ela resolveu ir até a delegacia com o marido. Mas, em prantos, após ver jornalistas na porta, deu meia-volta no carro e pediu para remarcar o depoimento para esta semana.
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“Tivemos a impressão dela ter um alto padrão de vida para o salário de uma babá. Mas isso está sendo apurado, talvez seja uma motivo para ela ter mentido”, disse um investigador.
TESTEMUNHA SAI DE CASA
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Em outro inquérito, a polícia se debruça sobre o passado de violência de Jairinho, de agressões a filhos de ex-namoradas. Uma delas, chegou a sair de casa ontem, com medo de represálias. “Falam que ele é ligado a milícias, que torturou uma equipe de jornalistas, é um homem poderoso, com dinheiro. Tenho medo e resolvi sair de casa”, disse N.
A participação de Jairinho na tortura praticada por milicianos à equipe do Jornal O DIA, no Batan, em 2008, na época chegou a ser investigada pela polícia, que não conseguiu comprovar a sua presença no local.
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