Ex-prefeito do Rio, Marcelo Crivella
Ex-prefeito do Rio, Marcelo CrivellaEstefan Radovicz / Agência O Dia
Por O Dia
Rio - O ex-prefeito do Rio, Marcelo Crivella, será julgado pela Justiça Eleitoral, por determinação, nesta terça-feira (20), do ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. De acordo com o ministro, a 1ª Vara Criminal Especializada da Capital do Rio de Janeiro, onde o processo tramita atualmente, não teria competência para o julgamento. Crivella é acusado de comandar um esquema de liberação de pagamentos a credores do executivo municipal e direcionar licitações em troca de propina, caso que ficou conhecido como o 'QG da Propina'.
Outras 25 pessoas, além de Crivella, também viraram réus no processo. O ex-prefeito e os outros acusados respondem pelos crimes organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ativa. 
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Segundo a Justiça do Rio, as mensagens trocadas entre integrantes do grupo deixam explícitas partilhas de propinas e a exigência, junto ao então prefeito, de obtenção de retorno financeiro do investimento que nele havia sido feito. Também foram considerados no processo planilhas, cheques, fotografias e prints de telas de computadores obtidos ao longo das investigações.
Investigação começou com delação premiada de doleiro
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A investigação teve como ponto de partida a delação premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso na Operação Câmbio Desligo, um dos desdobramentos da Lava Jato fluminense, realizada em maio de 2018. Veio dele a expressão QG da Propina para se referir ao esquema, que teria como operador Rafael Alves, homem forte da prefeitura apesar de não ter cargo oficial. Ele é irmão do ex-presidente da Riotur, Marcelo Alves, exonerado do cargo em março de 2020 a pedido dele próprio.
O suposto QG funcionaria assim, de acordo com o delator: empresas interessadas em trabalhar para o Executivo carioca entregavam cheques a Rafael, que faria a ponte com a prefeitura para encaminhar os contratos. O esquema também funcionaria no caso de empresas com as quais o município tinha dívidas - aqui, o operador mediaria o pagamento. As propinas seriam negociadas em uma sala na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, sede da Riotur.
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Prisão de Crivella
O ex-prefeito do Rio, Marcelo Crivella, foi preso no dia 22 de dezembro de 2020, nove dias antes de deixar o cargo. Agentes da Polícia Civil e do Ministério Público (MPRJ) estiveram na residência do político no condomínio Península, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. 
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Crivella chegou a passar um dia no presídio de Benfica, mas foi transferido para casa por determinação do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins. Na prisão domiciliar, Crivella foi monitorado com tornozeleira eletrônica e seguiu afastado do cargo até o fim do mandato, em 31 de dezembro de 2020.
No dia 12 de fevereiro deste ano, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, revogou a prisão domiciliar de Marcelo Crivella. Na decisão, o ministro rejeitou um habeas corpus da defesa, mas concedeu a liberdade por iniciativa própria – "de ofício".
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O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) autorizou, no dia 5 de março, a devolução dos celulares e computadores do ex-prefeito do Rio, Marcelo Crivella, apreendidos durante o período em que o político passou em prisão domiciliar.