Ex-prefeito do Rio, Marcelo CrivellaTomaz Silva/Agência Brasil

Por O Dia
Rio - O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) autorizou, nesta sexta-feira (05), a devolução dos celulares e computadores do ex-prefeito do Rio, Marcelo Crivella, apreendidos durante o período em que o político passou em prisão domiciliar. 
No dia 12 de fevereiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes revogou a prisão domiciliar de Marcelo Crivella. Na decisão, o ministro rejeitou um habeas corpus da defesa, mas concedeu a liberdade por iniciativa própria – "de ofício".
De acordo com a decisão, Crivella teve que entregar seus passaportes, não pode deixar o país e nem manter contato com outros investigados. Além disso, o político deve comparecer periodicamente em juízo.
Crivella esteve em prisão domiciliar desde o dia 23 de dezembro. Ele chegou a passar um dia no presídio de Benfica, mas foi transferido para casa por determinação do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins. Na prisão domiciliar, Crivella foi monitorado com tornozeleira eletrônica e seguiu afastado do cargo até o fim do mandato, em 31 de dezembro.
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QG da Propina
Marcelo Crivella foi preso na manhã do dia 22 de dezembro de 2020, durante uma operação do MPRJ e da Polícia Civil, em um desdobramento da investigação do suposto "QG da Propina" na Prefeitura do Rio.
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A investigação teve como ponto de partida a delação premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso na Operação Câmbio Desligo, em maio de 2018. Veio dele a expressão 'QG da Propina' para se referir ao esquema, que teria como operador Rafael Alves, homem forte da prefeitura apesar de não ter cargo oficial. Ele é irmão do ex-presidente da Riotur, Marcelo Alves, exonerado do cargo em março de 2020 a pedido dele próprio.
O suposto QG funcionaria assim, de acordo com o delator: empresas interessadas em trabalhar para o Executivo carioca entregavam cheques a Rafael, que faria a ponte com a prefeitura para encaminhar os contratos. O esquema também funcionaria no caso de empresas com as quais o município tinha dívidas - aqui, o operador mediaria o pagamento. As propinas seriam negociadas em uma sala na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, sede da Riotur.
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Investigação de promotores do Gaocrim (Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça) aponta que Alves, que não possuía cargo na administração municipal, exigia que fosse consultado antes de mudanças de cargos. A influência dele também poderia ser vista em licitações e pagamentos a fornecedores.
Além do prefeito, foram presos o empresário Rafael Alves, homem forte de Crivella e apontado como operador do esquema, o delegado Fernando Moraes, o ex-tesoureiro de Crivella Mauro Macedo e os empresários Adenor Gonçalves e Cristiano Stockler, da área de seguros.