Policiais durante operação no Jacarezinho, Zona Norte do Rio
Policiais durante operação no Jacarezinho, Zona Norte do Riofotos Reginaldo Pimenta
Por Lucas Cardoso
Rio - Uma operação da Polícia Civil no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, deixou ao menos 28 mortos – incluindo um agente da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) –, cinco pessoas baleadas e seis suspeitos presos nesta quinta-feira (6). Durante coletiva de imprensa, a polícia afirmou que os 24 mortos são suspeitos de integrar organizações criminosas que atuam na região. A ação terminou com seis presos e armas e drogas apreendidas.
"Todos os protocolos definidos na decisão do STF foram cumpridos, sem exceção. Lamentavelmente teve muito confronto na comunidade. Não há de se comemorar esse resultado, tamanha a quantidade de pessoas que vieram a falecer, da mesma forma também que não existe a capacidade de qualquer pessoa querer de alguma forma nos confortar pela morte do nosso policial. Ele estava lá em defesa da sociedade, cumprindo o seu dever e acabou sendo vitimado logo no início dessa operação", disse Rodrigo Oliveira, secretário da instituição, que negou ainda execuções na favela.
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Durante a coletiva, Oliveira ainda criticou o que chamou de ativismo judicial em relação às operações policiais em comunidades no Rio.
"Há de se discutir o que se entende por excepcionalidade a simples extensão do confronto, as barricadas existentes, as imagens que foram geradas pelas emissoras de TV, enfim, todos esses dados nos dão absoluta convicção de que não estamos lidando com uma excepcionalidade".
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"Não é razoável supor como estava acontecendo tudo isso, que está registrado nas investigações, que crianças, menores de idade estivessem sendo aliciados pelo tráfico de drogas. No nosso entendimento isso é mais do que excecionalidade. Pessoas, inclusive, relatavam que não podiam se relacionar com pessoas de outras localidades sem a permissão do tráfico", completou o secretário.
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Segundo o delegado Felipe Curi, chefe do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE), a operação foi planejada com 10 meses de investigação. "A operação de hoje foi fruto de uma investigação de cerca de dez meses da delegacia de proteção à criança e ao adolescente. Essa investigação tinha como alvo a comunidade do Jacarezinho, tendo em vista que é dominada por uma das maiores facções do Rio de Janeiro". 
"Investigamos o tráfico, mas no bojo da investigação descobrimos uma série de crimes. Tais como aliciamento de jovens e crianças, sequestro de composições da SuperVia, homicídio de pessoas que têm seus corpos sumidos", completou.
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Ainda de acordo com Curi, blindados tiveram dificuldades na comunidade. "A Polícia Civil é uma garantidora de direitos. Fomos naquela comunidade para garantir a liberdade da população que vive em uma ditadura. Nenhum blindado hoje conseguiu entrar na primeira tentativa na comunidade porque os criminosos aumentaram o raio de barricadas".
Sobre as denúncias de possíveis execuções compartilhados por moradores nas redes sociais, o chefe do DGPE disse que a única execução que aconteceu na ação foi a do policial civil André Frias. "Se alguém fala de execução, a execução é esse colega tomar um tiro e vir a falecer", argumentou.
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Cerca de 200 agentes da Polícia Civil participaram da operação. Policiais militares apoiaram a operação, impedindo a fuga de criminosos pela linha férrea. Na ação, de 21 mandados de prisão, três foram cumpridos. Foram apreendidas 16 pistolas, 6 fuzis, uma submetralhadora (similar a usada na morte da vereadora Marielle Franco), uma munição ante aérea e 12 granadas.