Em uma nota, divulgada pelos coletivos e ONGs do Jacarezinho, organizadores de uma segunda manifestação destacam que os moradores da comunidade foram acordados sob intenso tiroteio, que resultou no assassinato de mais de 24 civis e um militar, em uma incursão policial que durou mais de 9 horas.
“Em meio a uma pandemia que matou 410 mil pessoas, 45 mil só no Rio de Janeiro, ocorreu a operação mais letal da história do estado. Como se já não bastasse estarmos morrendo por uma doença pela qual já existe vacina, ainda somos submetidos a um cotidiano de brutal violência por parte do Estado. Não há outro nome para o que acontece nas favelas e periferias, o que vivemos é genocídio contra a população negra desse país. Diante dessa realidade de extermínio, seguimos com o mesmo questionamento: quais vidas importam?”, argumentou.
Giovana Almeida, que estava no protesto, disse que a ação que deixou 25 mortos no Jacarezinho é um tipo de operação rotineira no Rio de Janeiro e que as políticas de segurança não oferecem proteção às comunidades.Moradores do Jacarezinho fazem protesto em um dos acessos à comunidade.#ODia pic.twitter.com/oG7bDj7N4q
— Jornal O Dia (@jornalodia) May 7, 2021
"Estamos fazendo esse ato hoje porque é algo que acontece rotineiramente aqui no nosso estado. Hoje a política que a gente tem de segurança é uma política de morte que faz com que uma chacina ocorra em um dia comum no Rio de Janeiro, em meio à pandemia. Essa cena das pessoas sofrendo, das mães chorando pela perda dos seus filhos é o que acontece sempre nas favelas. É por isso que a gente tem que se manifestar, a favela quer comida, quer educação, quer seus direitos", disse.
Moradora diz que policiais entraram na comunidade para matar. #ODia pic.twitter.com/TbqSzmKtF8
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"Ano passado, em meio à pandemia, a gente conseguiu que as operações fossem suspensas pelo STF. Essa decisão vem sendo reiteradamente descumprida e ontem 25 pessoas foram assassinadas aqui no Jacarezinho. Esse é o resultado dessa guerra às drogas, que na verdade é uma guerra aos pobres que com a desculpa de acabar com o tráfico só produz assassinatos", argumentou.
Um ato público foi convocado para as 17h desta sexta-feira, em frente à quadra da G.R.E.S Unidos do Jacarezinho.
A nota é assinada pela associação de moradores do Jacarezinho, Cafuné na Laje, G.R.E.S Unidos do Jacarezinho, Instituto de Defesa da População Negra (IDPN), Jcré Facilitador, Jacaré Basquete, LabJaca, NICA (Núcleo Independente e Comunitário de Aprendizagem) e a ONG Viva Jacarezinho.
Durante a coletiva realizada na cidade da polícia, após a operação, o delegado Felipe Curi alegou que todos os mortos seriam criminosos, mas não divulgou a identificação deles.
“Os 24 mortos eram 24 criminosos mortos, diga-se de passagem, porque não tem nenhum suspeito aqui. A gente tem criminoso, bandido, traficante e homicida porque tentaram matar os policiais na ação” disse.