Pescadores fazem protesto e cobram medidas da Cedae por construção de barragem
Manifestantes pedem que seja criado um método que reduza a poluição dos rios que abastecem a ETA Guandu
Rio - Pescadores e ecologistas fizeram um protesto nesta manhã na antiga Estrada Rio São Paulo, contra a intensa e crescente poluição dos rios que deságuam na Lagoa de Captação da Estação de Tratamento de Água (ETA), considerada a maior do planeta e que diariamente abastece nove milhões de pessoas de municípios da Baixada Fluminense e da capital do Rio.
Os manifestantes alegam que o ETA recebe grande volume de esgotos não tratados dos rios dos Poços, Queimados e Ipiranga que têm sido apontados como os principais responsáveis pela Crise da Geosmina que vem ocorrendo desde o final de 2019, comprometendo a qualidade da água para consumo humano que passou a ter cheiro e odor forte e cor amarela.
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Além disso, eles questionam a construção de uma barragem da Cedae na região. A companhia havia informado que a obra seria para desviaras águas dos Rios Poços e Ipiranga. Já os pescadores afirmam que o projeto irá afetar o "Pantanal Iguaçuano", que correria o risco de virar um depósito de esgoto.
Os protestantes alegam ainda que não há diálogo com a Cedae e pede a suspensão da execução do projeto, que, segundo eles, está embasado em dados técnicos e ambientais antigos. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é de 2009.
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De acordo com as lideranças dos pescadores, a companhia decidiu desengavetar o projeto por causa da crise da geosmina. A proposta básica da obra seria desviar da ETA do Guandu as águas dos rios que nascem na Baixada Fluminense, alterando seu curso natural. Com a construção de uma barragem, as águas dos Rios Poços e Ipiranga seguiriam um novo caminho, por dutos enterrados na terra que passarão ao lado da ETA, sendo devolvidas ao Rio Guandu um pouco mais a frente, sem nenhum tipo de tratamento.
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Os participantes da manifestação defendem que ao invés de construir a barragem, a Cedae utilize os recursos para reduzir a poluição dos rios que abastecem a ETA Guandu, já que a falta de tratamento de esgoto é a causa da proliferação da geosmina. Eles alegam que a empresa, com o projeto, está atacando apenas a consequência do problema.
Procurada pelo DIA, a Cedae informou que o presidente da companhia, Edes Fernandes de Oliveira, e o gerente da Estação de Tratamento de Água do Guandu, Pedro Ortolano, estiveram em reunião com representantes da comissão do grupo de pescadores na tarde desta segunda-feira (24).
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"Eles explicaram pontos do projeto que traz melhorias na qualidade da água da lagoa, o que será benéfico para os pescadores. Também puderam esclarecer informações equivocadas a respeito da obra", informou.
Um novo encontro foi agendado para a próxima semana para apresentar detalhamentos e tirar possíveis dúvidas sobre o projeto.