Banco de dados com material genético é a nova arma para solucionar casos de pessoas desaparecidasDivulgação

Por Aline Cavalcante
Em todo o estado, de acordo com Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP), só nos quatro primeiros meses de 2021, foram registrados o desaparecimento de 1.281 pessoas. Na tentativa de solucionar este problema alarmante, a Secretaria de Estado de Polícia Civil (SEPOL), por meio do Instituto de Pesquisa e Perícias em Genética Forense (IPPGF), vão realizar um mutirão para coleta de DNA de familiares de pessoas desaparecidas. A coleta será feita de 14 a 18 de junho e a expectativa é de mais que dobrar as amostras relacionadas a casos de desaparecimento no banco de perfis genéticos do Rio de Janeiro, que hoje conta com cerca de 1300 amostras desse tipo. 
O material coletado servirá para comparar o material genético de corpos de pessoas sem identificação e de pessoas vivas que estão sem identidade por algum motivo em abrigos, hospitais ou nas ruas. A coleta é feita sem dor, em um processo bem simples, passando na parte de dentro das bochechas do familiar, uma espécie de suporte contendo uma pequena esponja na extremidade (semelhante a um “cotonete”). 
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"Toda vez que há um corpo não identificado, após todas as outras possibilidades de exames, como o de papiloscopia, é feito um exame genético realizado pela perícia genética forense. O mesmo procedimento é feito com pessoas vivas que não tem sido identificação. Esse DNA é comparado semanalmente aos perfis genéticos de familiares que já estão no banco. Vale lembrar que tal busca (na rede) só é feita mediante a doação voluntária do material genético", explica Marcelo Martins, diretor do IPPGF.
Coleta do DNA - Divulgação
Coleta do DNADivulgação
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A busca de pessoas desaparecidas não fica restrita somente às amostras coletadas no Rio de Janeiro, pois há uma Rede Nacional Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG/MJSP) que permite a comparação com amostras e familiares de outros Estados do Brasil. O mutirão para coleta de DNA faz parte de uma campanha nacional do Ministério da Justiça e Segurança Pública com o objetivo de incrementar os Bancos de DNA de todo o país. 
"Isso aumenta e muito as chances das famílias encontrarem seus entes queridos, já que tal busca é feita tanto localmente (estado) como nacionalmente. Muitas vezes uma pessoa desaparece no RJ e é encontrada em outro estado da federação", relata o especialista.
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Ele alerta ainda que casos trágicos também poderão ser resolvidos através da coleta de DNA. "Não podemos esquecer que a campanha também permite auxiliar familiares nas buscas de vítimas de desastres de grandes proporções como as que aconteceram no Morro do Bumba e desabamento na região Serrana, por exemplo", ressalta Martins.

O banco de perfis genéticos do IPPGF existe desde 2012, contribuindo com cerca de 26% das amostras coletadas de familiares no Banco Nacional. Foi no banco Estadual que ocorreu, em 2013, o primeiro “match” do país, ou seja, a primeira vez em que um material genético depositado no banco de DNA conseguiu identificar um corpo como sendo o de uma pessoa desaparecida através de um sistema informatizado (CODIS/FBI).
"Este mutirão é importantíssimo, primeiro porque vai desburocratizar esse serviço. Hoje existem 16 mil confrontos esperando para serem feitos. Isso coloca as famílias no banco de perfis de DNA que roda a toda semana, além de fazer a buscar no país todo. Isso é uma porta para famílias que estão com familiares desaparecidos sendo eles mortos ou vivos", afirma Jovita Belford, superintendente de Enfrentamento de Pessoas Desaparecidas da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.
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Jovita faz ainda um apelo às famílias de pessoas desaparecidas. "Este mutirão é uma guinada muito grande, uma luz no final do túnel, principalmente para famílias que há tanto tempo buscam uma solução e perderam a esperança. Peço para estas famílias que compareçam aos locais de coleta e aproveitem esta chance que pode dar a resposta que elas tanto buscam".
Em geral, as coletas são feitas por encaminhamento das delegacias, após o registro de desaparecimento. Para a campanha, porém, isso não será obrigatório. Qualquer pessoa com um familiar desaparecido poderá procurar os postos. Neles, haverá policiais civis fazendo o acolhimento e, se o registro ainda não tiver sido feito, os agentes auxiliarão encaminhando as pessoas às delegacias mais próximas.
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Podem participar da campanha pais, filhos e irmãos de mesmos pai e mãe de desaparecidos. As coletas serão realizadas no período de 9h às 17h, em 13 postos espalhados por todas as regiões do estado. Todo o trabalho vai seguir os protocolos de segurança e distanciamento adotados por conta da pandemia de Covid-19. Para evitar aglomerações, é recomendado a marcação prévia. Mas, a polícia afirma que não vai deixar de atender quem comparecer ao local. Os agendamentos podem ser feitos na Delegacia de Descobertas de Paradeiros pelos telefones (21) 2202-0338 ou (21) 2582-7134, ou ainda no IPPGF nos telefones (21) 23328070 e (21)  2334-9718.
Postos de coleta de DNA

Rio de Janeiro:

- Cidade da Polícia
Av. Dom Helder Câmara, 2066 - Benfica

- PRPTC Campo Grande
Estrada do Mendanha, 1672 (fundos) - Campo Grande

Angra dos Reis:

- PRPTC Angra dos Reis
Rodovia Governador Mário Covas, Km 504 - Bracuí

Araruama:

- PRPTC Araruama
Rua Bernardo Vasconcelos, 755 - Centro

Campos dos Goytacazes:

- PRPTC Campos dos Goytacazes
Avenida XV de Novembro, 799 - Caju

Duque de Caxias:

- PRPTC Duque de Caxias
Rua Ailton da Costa, s/n - Vinte e Cinco de Agosto

Itaperuna:

- PRPTC Itaperuna
Rodovia BR 356, s/n - Cidade Nova

Macaé:

- PRPTC Macaé
Avenida Aluísio da Silva Gomes, 100 - Novo Cavaleiros

Niterói:

- PRPTC Niterói
Travessa Comandante Garcia Dávila, 51 - Santana
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Friburgo
-PRPTC Nova Friburgo
Avenida Presidente Costa e Silva, 834 - Centro

Nova Iguaçu:

- PRPTC Nova Iguaçu
Rua Edna, s/n, Posse

Petrópolis:

- PRPTC Petrópolis
Rua Vigário Correa, 1345 - Correas

Volta Redonda:

- PRPTC Volta Redonda
Avenida Paulo Erlei Abrantes, 1325, Três Poços