Instituto Nacional de Traumatologia e OrtopediaDaniel Castelo Branco
Into desenvolve tratamento para deformidade que dispensa cirurgia
Técnica é inovadora e vem ajudando diversos pacientes
Rio - Uma técnica inovadora desenvolvida no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro, para o tratamento de pacientes com deformidade na flexão dos dedos, vem ajudando o jovem Kauã, de 16 anos, a realizar um dos seus maiores sonhos: tocar violino sem sentir dores nas mãos.
Diagnosticado ainda na infância com camptodactilia – como a doença é oficialmente chamada –, Kauã apresentou suas primeiras dificuldades funcionais quando passou a frequentar a escola.
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"Foi nessa época que eu percebi que o Kauã não conseguia realizar as atividades que a professora passava. A partir daí, comecei a buscar tratamento para ele", conta Marciléa Francisco, mãe do adolescente.
Kauã apresenta deformidade nos dedos mínimos das duas mãos, o que ocorre em cerca de 75% dos casos da doença, que pode aparecer já ao nascimento ou no período da adolescência. Em tratamento há dois meses no Into, o adolescente já observa os primeiros resultados e aguarda ansioso o momento de receber alta.
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"Eu estou muito feliz porque agora vou ter mais facilidade para tocar o violino sem sentir dores. Com certeza, a primeira coisa que eu vou fazer quando o tratamento acabar é tocar violino de novo", comemora o adolescente.
Foi por meio da atuação da Terapia Ocupacional no ambulatório de deformidades congênitas do Centro de Atenção Especializada (CAE) da mão, que o tratamento inovador foi desenvolvido e vem transformando a vida de pacientes portadores de camptodactilia há mais de uma década.
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Após a equipe do CAE observar a doença e seu comportamento ao longo dos anos, a terapeuta ocupacional Maria da Conceição Soares desenvolveu um tipo de órtese estática (aparelho utilizado externamente ao corpo para mobilizar ou auxiliar uma parte do corpo) que consegue reverter essa deformidade nos dedos.
"Conseguimos aperfeiçoar a técnica com novos materiais e melhorar a forma de abordar a doença ao oferecer um tipo de tratamento conservador com o uso de órteses estáticas que evitam quase na totalidade a necessidade do procedimento cirúrgico, mesmo em casos graves que apresentavam mau prognóstico", descreve a terapeuta ocupacional.
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A causa da doença – encontrada em cerca de 1% da população mundial – ainda é motivo de discussão, não havendo consenso na literatura a nível mundial.
O paciente, referenciado ao Into, é diagnosticado pelos cirurgiões da mão e encaminhado para o serviço de terapia ocupacional para a confecção da órtese. O acompanhamento segue com intervalos entre as consultas de aproximadamente um a três meses até o final do crescimento esquelético, que ocorre com o fechamento da placa epifisária (placa do crescimento). Dessa forma, se garante que a deformidade não retorne.
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A metodologia é inovadora por utilizar apenas órteses estáticas, que possibilitam uma intervenção assistencial precoce, a partir do primeiro mês de vida da criança, aumentando consideravelmente as possibilidades de solução integral do problema sem a necessidade de intervenções cirúrgicas.
O estudo do tratamento se tornou objeto de pesquisa durante o mestrado da terapeuta ocupacional Maria da Conceição, no Curso de Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas ao Sistema Musculoesquelético do Into.
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