Pesquisa da Uerj aponta brasileiros entre os povos mais estressados durante a pandemia
Entre as principais causas pontuadas no estudo, destacaram-se o baixo nível de empatia, grande desgaste emocional pessoal, sofrimento e aumento do individualismo
Na fase preliminar, a pesquisa observou temas como ansiedade, empatia, estresse, suporte e comportamentos sociais e culturais entre os vários países. - Divulgação/Uerj
Na fase preliminar, a pesquisa observou temas como ansiedade, empatia, estresse, suporte e comportamentos sociais e culturais entre os vários países.Divulgação/Uerj
Por O Dia
Rio - Uma pesquisa internacional mostrou que os brasileiros estão entre os povos mais estressados do mundo durante a pandemia. O estudo 'Adaptação social em estresse na pandemia de Covid-19: um estudo transcultural' foi coordenado pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) que reuniu 24 países de quatro continentes, com o objetivo de compreender as mudanças sociais e as impressões pessoais em relação à pandemia de Covid-19. A coordenação do estudo foi feita pela professora Edna Ponciano, do Instituto de Psicologia da Uerj.
Na fase preliminar, a pesquisa observou temas como ansiedade, empatia, estresse, suporte, comportamentos sociais e culturais entre os vários países. As 15.375 respostas, tabuladas entre maio e agosto de 2020, mostraram que os brasileiros estão entre os mais estressados, comparados às pessoas de outros países.
Entre as principais causas, destacaram-se o baixo nível de empatia, grande desgaste emocional pessoal, sofrimento e aumento do individualismo. Por outro lado, países que oferecem maior infraestrutura coletiva de apoio às populações experimentam menor impacto do sofrimento psíquico provocado pela pandemia.
Agora, o estudo entra em sua segunda fase, que tem como foco a vacinação. “A intenção é levantar quem está ou não sendo vacinado, se pretende se vacinar e qual o nível de compreensão dos brasileiros sobre a importância de se imunizar”, informou Edna Ponciano.
Para a pesquisadora, o trabalho vai ajudar a enfrentar crises futuras. "Além de mapear a situação corrente, ajudará com dados, identificando e ajudando a embasar práticas interventivas no campo da saúde mental", destacou.
Em entrevista para o DIA, a professora Edna Ponciano explicou que o principal fator que contribui para que um povo seja mais ansioso que o outro é a questão cultural de cada país. "São fatores culturais que explicam essa dificuldade de enfrentar o estresse com uma resposta mais ansiosa diante da crise pandêmica. Nessa pesquisa, com 24 países, caracterizamos as diferenças culturais a partir de duas dimensões: individualismo e coletivismo. Os países que pontuaram mais alto no individualismo, maior preocupação consigo e com a própria família, são os mais ansiosos", explicou a pesquisadora.
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Quando questionada se a falta de políticas públicas também seria uma fator que contribui para o resultado da pesquisa, Ponciano confirmou que 'nem todos estão no mesmo barco' e que aqueles que têm mais recursos estão conseguindo enfrentar a pandemia de forma mais tranquila. "A base de compreensão de nossa pesquisa está em uma das premissas de nossa condição biológica: as nossas chances de sobrevivência diminuem quando estamos sós, sem apoio local, comunitário e, no caso de uma política, sem apoio nacional", esclareceu a professora.
Veja como diminuir o estresse
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A professora de psicologia e pesquisadora também deu alguns dicas para aqueles que se encontram em momento de estresse e tensão devido as drásticas mudanças sociais sofridas nos últimos tempos. "Primeiramente, é preciso encontrar um estado de calma, o que nos permite sentir e pensar melhor. Esse estado de calma é encontrado quando as nossas necessidades básicas estão satisfeitas, alimentados com afeto e com comida, ao mesmo tempo. Se encontrarmos esse estado de calma, o que pode ser também mantido com relaxamento, meditação, práticas espirituais que nos liguem a um todo maior do que nós, poderemos perceber o sofrimento alheio e buscar saídas conjuntas para uma crise que afeta a todos nós", completou.
Para contribuir com a pesquisa, é preciso ter mais de 18 anos, ter acesso o link e ajudar a gerar respostas sobre a imunização no Brasil. Para acessar, clique aqui.
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