Crime em quedaArte O Dia/Foto de Estefan Radovicz

Por Bruna Fantti
Quando a leveza da música clássica ecoa pela Delegacia de Repressão e Furtos de Cargas (DRFC) é sinal de que Vinicius Domingos, o titular, está concentrado. A técnica tem surtido efeito: desde que assumiu a especializada, há 10 meses, a média móvel dos roubos apresentou redução.
Segundo o delegado, um dos motivos é o indiciamento dos chefes do tráfico das comunidades para onde as cargas são levadas. "Se há três investigações por tráfico de drogas, mesmo que elas durem anos, o chefe do tráfico vai ser condenado por uma associação ao tráfico. Já o roubo de cargas é por evento. Então, se ele ficar três anos como chefe do tráfico e, a cada semana, autorizar um transbordo de carga, ele vai tomar um mandado de prisão por cada evento", explicou.
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"Isso faz com que aquele chefe do tráfico preso, que está para sair da cadeia, proíba o roubo de cargas na comunidade. Afinal, ele não quer tomar mais um mandado de prisão", completou.
Com a pandemia, para analisar os índices criminais, Domingos e sua equipe utilizaram a média móvel. Em março de 2021, por exemplo, houve redução de 49% nos roubos. Já abril registrou o menor número do mês dos últimos 10 anos.
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A especializada também manteve rondas diárias a partir dos dados da inteligência. O trabalho preventivo conta com apoio das polícias militar e rodoviária federal. Quando há aumento de roubos, uma força-tarefa é montada. "São seis equipes da carga e outras das demais delegacias. Ela é pontual, só age quando há aumento em alguma área", disse.
Uma outra frente da delegacia se debruça sobre quadrilhas que visam somente cargas valiosas, algumas, milionárias. O Complexo da Maré é o principal destino delas, que consistem em carne, cigarros, eletrônicos e remédios. De acordo com a polícia, há várias quadrilhas que procuram os chefes da Maré para vender a carga e dividir os lucros. "Os traficantes da Maré são altamente sanguinários. Na véspera de Natal mataram um policial militar que fazia a segurança de um caminhão", disse o delegado.
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Para além da sensação de segurança no setor, com a redução dos roubos, há impacto na economia. Se no mês de junho houve o prejuízo de cerca de R$ 12 milhões em cargas roubadas, outros R$ 50 milhões foram preservados com o trabalho preventivo.