Casos da variante Delta foram confirmados na segunda-feira pela SES Reprodução

Por *Jorge Costa e Rachel Siston
 Rio- A Secretaria Municipal de Saúde de Seropédica descartou que a transmissão da variante delta tenha tido origem no município da Baixada Fluminense. Na última segunda-feira (5), a Secretaria de Estado de Saúde do Rio (SES) confirmou que identificou uma jovem de 22 anos com a variante indiana na cidade.
Segundo a secretaria, o caso está sendo monitorado, assim como seus familiares. A paciente já se recuperou da doença, mas dois parentes dela realizaram o teste RT-pcr e foi detectado o vírus da covid-19. Outros dois contactantes não tiveram sintomas e não realizaram o teste.
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A pasta também investiga outras pessoas com quem a mulher teve contato no ambiente de trabalho. Ainda de acordo com a secretaria de Saúde de Seropédica, as pessoas não viajaram e a transmissão é não local. A princípio, a contaminação teria acontecido em Campo Grande, na Zona Oeste da capital fluminense.
A jovem de 22 anos, que até o momento é o único caso confirmado em Seropédica, esteve no bairro para visitar uma amiga e pouco depois testou positivo para a doença. Este foi o único local fora do município em que ela esteve, conforme informou a secretaria de Seropédica.
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"As Secretarias de Saúde de Estado e Municipal estão investigando o processo de contaminação. Outros infectados estão sob observação para averiguação se a contaminação também é pela variante delta", explicou em nota a secretaria da prefeitura de Seropédica.
Poucos casos de contaminação com a variante Delta foram identificados no país. A cepa indiana é considerada mais transmissível por especialistas e existe o risco de que com a sua transmissão, o Estado do Rio e o país volte a ter um aumento no registro de contaminações pela covid-19.
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A Subsecretaria de Vigilância e Atenção Primária à Saúde, órgão que pertence à Secretaria de Estado de Saúde do Estado do Rio (SES), informou que realizou entrevistas e testes RT-pcr com as pessoas que tiveram contato com os dois pacientes contaminados. De todos que foram entrevistados, 10 testaram positivo para a covid-19, mas ainda não há informações se os casos tratam-se de contaminação pela variante Delta ou não, pois as amostras das coletas feitas em todos estão sob avaliação de possível sequenciamento com a nova cepa. O órgão esclareceu que “Para identificação da variante o material genético precisa ter alta carga viral”.
Por fim, a Secretaria de Estado de Saúde esclareceu: “A investigação epidemiológica para esclarecer todas as circunstâncias da infecção está em andamento. No momento, os dados levantados indicam que não são casos importados, mas é preciso aguardar a conclusão da investigação para se ter certeza de que foram transmissões autóctones (ou seja adquiridas dentro do estado)”.
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Na segunda-feira, além do caso de Seropédica, a SES tinha confirmado outro caso da variante Delta em São João de Meriti, também na Baixada Fluminense, em um homem de 30 anos. A infecção foi detectada na pesquisa genômica aleatória realizada pelo Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen/RJ).
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de São João de Meriti, o paciente está bem e "não transmite mais coronavírus, porque a coleta ocorreu no dia 16 de junho".
A pasta não descarta que a transmissão possa ter sido local, uma vez que, a princípio, o homem não teve contato com viajantes e não realizou viagens. "No entanto, seguimos fazendo o trabalho de rastreamento do ponto transmissor", informou a pasta.
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‘Temos o risco de uma transmissão comunitária’, diz especialista
A pesquisadora em saúde e membro do comitê de combate ao coronavírus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Chrystina Barros, alerta para o risco da transmissão comunitária de variantes e reforça que a disseminação descontrolada pode dar origem a outras variantes.
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"Nós aqui não só temos o risco de uma transmissão sustentada, comunitária da variante Delta, como essa disseminação sem controle pode dar origem a outras variantes. Vamos lembrar que a variante de Manaus foi identificada em Hong Kong, exatamente pelo descontrole da disseminação da doença aqui no nosso país e no caso, nesta região”, afirma a especialista, que explica como são identificados os casos de transmissão não local ou de transmissão comunitária ou sustentada.
"Se a gente consegue identificar exatamente de onde veio a contaminação, e nesse caso, se ela veio de uma viagem da Índia, a gente pode rastrear e dizer: "isso não é uma transmissão local, é um caso importado". Mas, a partir do momento em que você já não consegue mais rastrear de onde a pessoa contraiu, já estamos falando de uma transmissão local, ou de uma transmissão comunitária ou sustentada. Ou seja, as pessoas já estão disseminando, sem que seja possível saber quem pegou de quem. É exatamente o que a gente vive nesse momento da nossa epidemia aqui no Brasil”, alerta Barros. A especialista acredita que a disseminação da variante delta já é uma realidade no Brasil.
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"Eu não diria que nós temos risco de disseminação local, nós já temos certamente a disseminação dessa variante Delta aqui no país, e isso traz sim riscos maiores ainda do surgimento de novas variantes. Já começamos a ver estudos que mostram que talvez a variante Delta possa driblar a eficiência da vacina, no sentido de que ela possa ser mais transmissível. É lamentar demais que a gente não consiga, em meio a uma campanha de vacinação, implementar políticas de testagem, controle e restrição adequada da disseminação do vírus".
*Estagiário sob a supervisão de Thiago Antunes