Portaria do Ministério da Saúde promete reduzir idade para cadastro em banco de doadores de medula
Novas regras devem reduzir idade do cadastro de 55 para 35 anos, além de melhorar processos de exames de compatibilidade, revisar e reorganizar cadastros já existentes. Medidas valem desde o dia 1º de julho
Centro de Transplante de Medula Óssea do Instituto Nacional de Câncer, no Rio de Janeiro - Agência Brasil
Centro de Transplante de Medula Óssea do Instituto Nacional de Câncer, no Rio de Janeiro Agência Brasil
Por O Dia
Rio - O Ministério da Saúde publicou duas portarias, com validade a partir de 1º de julho, que prometem mais segurança, agilidade e efetividade a doadores e receptores de medula óssea no processo de doação. A atualização nas regras deve otimizar a localização de doadores compatíveis no Registro Nacional Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME).
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), entre as novas medidas está, por exemplo, a redução no limite de idade para o cadastro, que passou de 55 para 35 anos. As mudanças visam melhores resultados nos transplantes, já que é os melhores resultados estão vinculados, principalmente, aos casos com doadores mais jovens em pacientes sem doadores aparentados.
"Após análise histórica de dados do REDOME, técnicos do Registro e do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) identificaram que nos últimos cinco anos cerca de 80% dos doadores que realizaram a coleta de material para transplante de medula óssea estavam abaixo de 40 anos. Nos últimos três anos, 67% dos doadores cadastrados tinham entre 18 e 35 anos de idade", esclarece a coordenadora técnica do REDOME, a médica Danielli Oliveira.
Outra modificação definida na portaria está vinculada diretamente a taxa de sucesso nas combinações de doador e paciente. Para isso foram revisados os valores de técnicas de exames imunogenéticos de compatibilidade. Segundo o Inca, o objetivo é garantir o avanço e os melhores resultados na efetividade do processo de identificação de doador não-aparentado compatível.
"O impacto dessa mudança é positivo, pois visa reduzir o tempo de identificação dos doadores que apresentam compatibilidade. A diminuição do tempo de preparo e espera dos receptores também diminui, deixando-os aptos a realizar a busca mais rapidamente", diz o instituto.
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Também houve revisão do limite de novos cadastros e uma reorganização na distribuição de cotas para cadastramento de doadores em cada estado. Essa medida foi baseada no total de doadores cadastrados em relação à população e ao número de cadastro feitos nos últimos 3 anos. Em todo o Brasil, o limite ao longo do ano será de 145.632 novos doadores.
O REDOME
Com os quase 5,4 milhões de doadores cadastrados, o REDOME atende 70% dos transplantes realizados no Brasil. Caso um doador não seja identificado no REDOME, é possível fazer a busca internacional de doadores nos maiores registros mundiais. Vale destacar que todo o processo é financiado pelo Sistema Único de Saúde – SUS.
Como o maior registro de doadores com financiamento público, esta iniciativa tem recebido o importante apoio da rede de hemocentros, laboratórios e ONGs do Brasil, além do reconhecimento internacional nas campanhas de celebração do "Dia Mundial do Doador de Medula Óssea" premiadas pela World Marrow Donor Association (WMDA), associação mundial que reúne os registros de doadores de medula óssea, totalizando quase 40 milhões de doadores em todo o mundo.
Desde 2012, foram 2.356.352 novos cadastros de doadores no REDOME e 2.984 transplantes de medula óssea de doadores não-aparentados realizados em todo o Brasil. Os doadores cadastrados no REDOME representaram cerca de 70% destes procedimentos.
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