Recusa familiar ainda é fator principal para o número reduzido de doações Pixabay

Por O Dia
Rio - O Banco de Olhos, integrante do Banco Multitecidos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) no Rio de Janeiro, registrou queda de mais de 60% nas doações de tecido ocular em 2020, comparado com o ano de 2019, provocando redução no número de transplantes. Segundo a entidade, um doador de órgãos pode salvar até dez vidas, além de restituir qualidade visual, no caso de doação dos tecidos oculares, principalmente córneas.
O médico responsável pelo Banco de Olhos do Into, Gustavo Bonfadini, explica que, apesar do reforço das campanhas de doação, o índice de recusa familiar ainda é fator principal para o número reduzido de doações e, consequentemente, aumento da fila de espera. Para ele, o transplante de córnea é a chance de uma nova vida para muitas pessoas. No Brasil, a autorização para doação de órgãos é dada pela família do doador.
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"Esperar uma córnea significa deixar a vida do paciente em suspenso durante muito tempo. A pandemia também trouxe dificuldades para a realização destes procedimentos, pois uma vítima de coronavírus, na maioria das vezes, não pode ser doadora", declarou o médico.
Para ser um doador, é importante conversar com os familiares e informar em vida sobre o desejo de doar os órgãos. Após a morte, a família deve comunicar o médico responsável para que sejam realizados os procedimentos necessários. A vantagem da córnea, em relação aos outros órgãos transplantados, é que sua captação pode ser realizada em até seis horas após o falecimento.
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Qualquer pessoa entre 2 e 80 anos pode ser doadora. De acordo com Bonfadini, “os tecidos oculares são retirados de acordo com técnica cirúrgica que não deixa vestígios, ou seja, não modifica a aparência do doador”. Todas as etapas de processamento dos tecidos oculares doados – retirada, transporte, avaliação, classificação, preservação, armazenamento e disponibilização – são realizadas pelo Banco de Olhos. No Brasil, o número de transplantes de córnea ainda é insuficiente em relação à quantidade de pessoas que esperam por essa cirurgia.
Pioneiro no Brasil, o Banco de Multitecidos do Into é responsável pela captação, processamento e distribuição de tecidos musculoesqueléticos, como ossos, tendões, meniscos e cartilagem, além de tecidos oculares e pele para utilização em cirurgias de transplantes na área da ortopedia e odontologia. O Instituto mantém equipes preparadas para realizar captações 24 horas por dia, 365 dias por ano. Todo o processo, desde a captação até a distribuição do transplante, é gratuito para o receptor.
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Segundo o Into, o olho como um todo não pode ser transplantado, somente alguns tecidos oculares, como a córnea e a esclera. Além disso, células-tronco da córnea podem ser utilizadas com fins terapêuticos. Qualquer pessoa pode ser doadora de tecidos oculares, independente da idade e do uso de correção visual, como óculos ou lentes de contato, ou de alguma possível doença. Os tecidos são retirados de acordo com técnica cirúrgica que não deixa vestígios. A doação não modifica a aparência do doador.
Ainda de acordo com o Instituto, o ideal é que os tecidos oculares doados sejam retirados em até seis horas após o falecimento. Para que isto aconteça, o Banco de Olhos deve ser avisado rapidamente. Caso haja resfriamento do corpo, este prazo pode ser maior, podendo ser de até 24 horas. A doação em vida não é permitida por lei.