Vacina da UFRJ já contém a proteína S prontaDivulgação/Coppe/UFRJ

Rio - A vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJvac, deve avançar para a fase de testes clínicos em humanos no último bimestre do ano, de acordo com a expectativa da coordenadora da pesquisa, a professora Leda Castilho. Mais de 150 páginas de resultados referentes à produção e ao controle de qualidade foram submetidas à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para apreciação.
Com a pesquisa da UFRJvac em humanos liberada pela Anvisa, os pesquisadores vão buscar homens e mulheres acima dos 18 anos, sem limite de idade, já vacinados há pelo menos 12 semanas e que não tiveram covid-19 para o grupo de voluntários. O estudo prevê a participação de mil pessoas.
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"Ainda estamos numa fase inicial, relatando resultados que mostram que o imunizante induz, de forma intensa, a produção de anticorpos em animais. Até outubro, vamos complementar com mais dados pré-clínicos (aqueles em animais) e vamos discutir outros resultados. Quando estiver completo, a Anvisa pode tomar a decisão. Esperamos fazer testes em humanos em novembro", afirma a pesquisadora, que também coordena o Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares (Lecc) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe/UFRJ).
A coordenadora explica que uma das vantagens da vacina da UFRJ é que ela já está sendo ajustada para combate às variantes do coronavírus que estão circulando, como a Delta, Gama e Beta. De acordo com Castilho, as vacinas Moderna e Pfizer se baseiam no RNAm (RNA mensageiro) que codifica a proteína S do coronavírus. Quando injetado no ser humano, o corpo passa a produzir a proteína S, que é reconhecida como exógena, e por isso desencadeia a resposta imune e a produção de anticorpos.
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"Já as vacinas de Oxford, Gamaleya (Sputnik V) e Janssen são vacinas de vetor viral: pegam outros vírus que são inofensivos em humanos e colocam, no genoma desses vírus, o gene que codifica a proteína S. Assim, quando o organismo recebe essas vacinas, também começa a produzir a proteína, que então desencadeia a resposta imune. No caso da UFRJvac, em vez de injetar um RNAm ou um vetor viral contendo a sequência para produção da proteína dentro do organismo, fizemos isso dentro de uma célula no laboratório. Essa célula passou a produzir a proteína S e, hoje em dia, é cultivada em grandes biorreatores, para que ela produza grande quantidade da proteína. Então, no caso da nossa pesquisa, a vacina já contém a proteína pronta", destaca Castilho.
Os cientistas do Lecc-Coppe/UFRJ conseguiram produzir, pela primeira vez, a proteína S antes do carnaval de 2020, ou seja, antes mesmo da confirmação do primeiro caso de doença no Brasil. A proteína, produzida e purificada na Universidade, tem sido utilizada na fabricação de testes sorológicos mais baratos do que os utilizados comercialmente, e de soro antiCOVID obtido em cavalos, assim como em pesquisas básicas realizadas em diversas instituições brasileiras. 
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