Marcos Neves, de 47 anos, toma medicamento para controle da esclerose múltipla desde 2019Arquivo pessoal

Rio - A situação de pacientes que dependem da RioFarmes para ter acesso a medicamentos de uso controlado têm se agravado nos últimos meses. Em reportagem do DIA publicada na última quinta-feira (18), o drama denunciado era de pacientes com doenças intestinais, mas quem possui outras patologias também tem tido problemas para ter acesso aos remédios.

É o caso do enfermeiro Mário Jorge, 40 anos, pai de uma menina de 9, que depende de medicamentos para tratamento de puberdade precoce. Segundo ele, a Leuprorrelina 7,5mg está em falta desde março e a resposta dada pelo RioFarmes é sempre a mesma: não há previsão para chegada.

"É uma sensação de fraqueza, de não saber como e a quem recorrer. Algo que está previsto em lei, com laudo de médica, mas mesmo assim, já estamos há cinco meses sem o medicamento. A resposta é sempre a mesma, que não tem nem previsão de chegar. Uma situação desesperadora. Não consigo imaginar ela ficando sem o medicamento e ela ter os problemas que vêm com a condição dela", disse o morador de Piedade, na Zona Norte.

Sem os medicamentos, a filha de Mário, que os usa desde os 5 anos, poderia desenvolver problemas como baixa estatura, hipertensão, diabetes, problemas psicológicos e problemas cardíacos. O pai tem tirado recursos de outras necessidades e até pedido ajuda para parentes para fazer a compra de maneira particular. "É humilhante", comenta.

"Tenho certeza que não é por falta de recursos, é por uma burocratização exagerada dos sistema. Não é porque ele está em falta. Todas as farmácias que procuramos pagando tem o medicamento. Mas isso impacta e muito no nosso orçamento. Estou dependendo da ajuda de parentes para conseguir", lamentou.

Marcos Neves, de 47 anos, é portador de esclerose múltipla e também depende de medicamentos controlados para ter qualidade de vida. Ele estava há cerca de um mês sem conseguir retirar o remédio Teriflunomida 14mg, que custa quase R$ 8 mil e ajuda no controle da doença, mas conseguiu nesta segunda-feira. Apesar de ter recebido o medicamento, ele teme que a demora volte a acontecer.

"O que fica é uma sensação de impotência e fragilidade. Ainda mais quando vemos as imensas notícias de corrupção e desvio de verbas públicas, enquanto deveriam estar sendo revertidas em prol da população. Haja vista termos a premissa de que é de responsabilidade do estado garantir o direito a vida, saúde e qualidade de vida. Nós não deveríamos ter de implorar por isso, muito menos buscar intervenção jurídica e publicitária", declarou o advogado, que foi diagnosticado com esclerose em 2019 e, por isso, toma o medicamento desde então.
Na semana passada, a Associação de Pessoas com Doenças Inflamatórias Intestinais do Estado do Rio de Janeiro (AdiiRio) informou que já havia ingressado com uma reclamação no Ministério Público do Rio (MPRJ) para relatar problemas de faltas de medicamentos para doentes crônicos na rede estadual de farmácias. 

Procurada pelo DIA, a SES disse por meio da Superintendência de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (SAFIE), que o medicamento Teriflunomida está disponível na RioFarmes e garantiu que o processo de aquisição do medicamento Leuprorrelina está finalizado, com previsão de entrega de até 15 dias.
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