Dose de reforço será aplicada para idosos de 75 anos ou mais nesta 4ª feiraGeraldo Gonçalves- Secom/PMVR

Rio - A Secretaria Estadual de Saúde do Rio (SES) anunciou na noite de terça-feira (31) o calendário estadual prevendo a dose de reforço para idosos de 70 anos ou mais. A medida acontece em meio ao aumento de hospitalizações da faixa etária, provocada por uma possível perda gradual da imunidade e maior presença da variante Delta, que influenciou para o aumento de casos de infecção em agosto. A recomendação do governo, no entanto, tem uma limitação menor que a dos calendários de outras prefeituras como a capital e Niterói, que vão oferecer vacinas para pessoas com 60 anos ou mais.

Apesar do calendário estadual divergir em relação ao recorte de idade, a recomendação da vacinação heteróloga - feita com imunizantes de fabricantes diferentes - converge com anúncios feitos pela capital fluminense no passado. A SES se manifestou afirmando que também defende a vacinação para 60 anos ou mais e que busca pleitear com o Ministério da Saúde a expansão da faixa etária.

Na manhã desta quarta (1), o secretário municipal da Saúde do Rio, Daniel Soranz, afirmou que tem tentado insistir tanto com as autoridades estaduais quanto federais para que a campanha seja estendida para idosos de até 70 anos.

“A gente já sabia que tinha que fazer a dose de reforço há alguns meses. A prefeitura do Rio foi a primeira a falar sobre isso e é necessário vacinar o grupo acima de 60 anos. Estamos insistindo com o Ministério da Saúde e insistindo com a Secretaria de Estado. Eles devem se programar para vacinar o grupo acima de 60 anos, assim como a prefeitura vai fazer. Já tem contratos vacinados suficientes para suportar a vacinação de um grupo de 60 anos ou mais, então a prefeitura do Rio continua insistindo na importância de vacinar as pessoas acima de 60 anos com a dose de reforço”, afirmou Soranz.

A vacinação do calendário estadual prevê que idosos que se vacinaram com duas doses da CoronaVac recebam uma terceira dose de reforço com a Pfizer, AstraZeneca ou Janssen, conforme o que estiver disponível nos postos.

Quem recebeu duas doses da AstraZeneca, receberá uma terceira dose da Pfizer ou Coronavac. Já os que foram imunizados com Pfizer, devem receber o reforço com CoronaVac, Janssen ou AstraZeneca.Idosos com 70 anos ou mais que tenham recebido a dose única vão receber o reforço da CoronaVac ou Pfizer.

Em nota, a SES afirmou que o critério de seleção para os idosos de 70 anos partiu de uma decisão pactuada na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e visa garantir a proteção da população de maior risco de adoecimento e de evolução para formas graves da doença.

“A dose de reforço foi incluída pelo Ministério da Saúde no Programa Nacional de Imunizações (PNI) diante da introdução e circulação de novas variantes de preocupação no país. No estado do Rio, a imunização de reforço foi recomendada também pelo Grupo de Especialistas em Vigilância Epidemiológica, que assessora a vigilância estadual.A SES reforça que continua pleiteando ao Ministério da Saúde que as pessoas maiores de 60 anos também sejam contempladas com a dose de reforço”, diz a pasta em nota.
Terceira dose sem medidas de controle pode não ter efeito, aponta pesquisadora

Procurada pelo DIA, a pesquisadora em Saúde da UFRJ Chrystina Barros defendeu que a vacinação seja feita para pessoas com 60 anos ou mais. Ela explicou ainda que é fundamental acelerar e aumentar a oferta das vacinas e afirmou que apenas implementar a vacinação sem realizar medidas de controle e distanciamento não será suficiente para conter a covid-19.

"Nós precisamos buscar de qualquer maneira mais vacinas e mais rápido. É muito importante a terceira dose de reforço neste público específico a partir dos 60 anos que tem sim sofrido mais com casos novos de variante Delta e demandado inclusive mais internações, mas no fundo precisamos de mais vacinas rapidamente, e sempre associada a medidas de controle. Não adianta corrermos com vacina para pessoas acima de 60 anos se deixarmos a variante se espalhar por completo”, afirmou.

Chrystina defendeu ainda que é necessário reforçar as medidas de controle nos aeroportos e alertou sobre o surgimento de possíveis novas variantes, que podem obrigar futuramente as autoridades sanitárias a ter que anunciar a aplicação de novos reforços.

“Já existem ameaças de novas variantes no mundo. A qualquer momento podemos precisar de um quarto ou quinto reforço. O controle da circulação do vírus precisa acontecer sob forma de evitar as aglomerações, usando máscara, lavando as mãos e controlando a entrada em portos e aeroportos. Não podemos aceitar receber vírus e variantes de maneira completamente sem controle”, disse.
Estagiário sob supervisão de Yuri Hernandes