Investigações da operação 'Batutinha' que mirou traficantes que forneciam drogas na Zona Sul e na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, revelou que Alluan de Almeida Brito Araújo, o Alfafa, tinha diversas conexões no mundo das drogas. Em conversas interceptadas pela polícia em aplicativos de mensagens o traficante negociava com diversos fornecedores, um deles é Renato Durão, o Gordinho, preso em 2010 por tráfico internacional.
Em uma das conversas, Alfafa negocia com Hiago Jesuíno Barcellos. Segundo as investigações, Hiago atua de modo estável e permanente como fornecedor de maconha e skunk utilizando-se de suas próprias conexões criminosas com atacadistas de todo o país. Em mensagem enviada para Alfafa, em 25 de março, Hiago avisa que enviará 1300 gramas de maconha para abastecer o esquema de entrega de drogas administrado por Alluan.
Em seguida, Alfafa responde, dizendo que vai colocar a maconha para “girar”, ou seja, revender aos usuários que utilizam o aplicativo de mensagens para encomendar drogas e que vai colocar a venda também a porção de maconha embalada em potes a um preço maior. "Vou tem que botar aqui pra ganhar moeda. Pra girar, girar aqui. Aquele lá que eu empacotei no pote lá vou botar para girar mas, como já tá no pote, investimento né? Precinho bom", diz Alfafa por meio de um áudio. Então, Hiago tranquiliza Alfafa e recomenda ao traficante que venda a droga devagar, com calma.
Em outra ocasião Alfafa envia nova mensagem, pedindo uma carga de maconha, por causa de uma encomenda e diz que precisa buscar a droga no mesmo dia na casa de Hiago. "É um pedido que eu tô precisando, tá ligado? É um de 800 (gramas) e um de 900 (gramas). Tô precisando muito ir aí", pede o traficante.
Após a entrega da droga, Hiago chama Alluan e pergunta se pesou a maconha que foi entregue no dia anterior. O cuidado com a pesagem demonstra que o grupo adota um rígido controle no recebimento das drogas, que são conferidas antes de fracionadas e embaladas para entrega. Em outras conversas, Alluan pede desconto na 'mercadoria', deixando clara a relação de intimidade entre o dois. "Vamos fazer um total que a vou vendendo e te pagando. Me fala um número. Mas, man, pela quantidade tenta fazer preço para eu girar", negocia.
Fornecedor com passagem por tráfico internacional
Em uma das negociações no aplicativo de mensagens foram identificadas a ligação de Alfafa com Renato Durão Fernandes de Oliveira, o 'Gordinho', preso pela Polícia Federal em 2010, no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, ao tentar embarcar para a Holanda com 2,5 quilos de cocaína escondidos na mochila. Na época ele confessou que levaria a droga para Amsterdã e que recebia R$30 mil pelo serviço. Gordinho atua como fornecedor de cocaína e MDMA para Alfafa. Em um diálogo registrado em abril Gordinho oferece um tablete de cocaína. Alfafa logo pergunta pela pureza do produto. Renato Durão então responde que a cocaína tem graduação de 96% de pureza, considerando-se uma droga de “alta qualidade", por não conter os conhecidos aditivos químicos adicionados à substância que a transformam em uma mistura de menor qualidade.
Em continuidade à negociação de drogas, Alfafa pergunta a Gordinho se o fornecedor dele tem “MD”, sigla reduzida para MDMA ou metilenodioximetanfetamina, droga sintética que vem ganhando espaço entre jovens e adultos da classe média alta. O diálogo deixa claro que Gordinho atua como intermediário no fornecimento de drogas, já que em diversos momentos refere-se a terceiros. Thiago 'Gordinho' possui antecedentes criminais por tráfico internacional de drogas e por porte de droga.
Outro fornecedor fixo de cocaína e MDMA do bando de Alfafa é Thiago Correa de Aragão que, através de contato com os demais distribuidores que atuam no atacado de drogas, realiza a “ponte” com a organização liderada por Alfafa.
Em março foi registrada mensagem em que Alluan Alfafa diz para Thiago que está precisando de “BTG” ou “BOTEGA”, nomenclatura adotada pelos traficantes em referência a cocaína com alto grau de pureza. Nos diálogos entre os dois Thiago mostra que possui conexão com outros traficantes de drogas, notadamente distribuidores de cocaína em atacado. "Aciona o amigo lá do branco pra ver se ele tem o BOTEGA", pede Alfafa. Em seguida ele diz que precisa de 100 a 200 gramas, então Thiago diz que o “amigo” tem cocaína para entregar.
Operação Batutinha
Realizada nesta sexta-feira (17) por agentes da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (DESARME) e Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/RJ), a operação 'Batutinha' cumpre ao todo 18 mandados de prisão e 31 de busca e apreensão.
A mira do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil são traficantes que realizavam comércio ilegal de drogas, através de delivery, em áreas da Zona Sul e da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Até o momento, 14 pessoas já foram presas.
Segundo a polícia, a maconha apreendida em posse de Alluan de Almeida Brito Araújo, vulgo Alfafa, no momento de sua prisão foi entregue por Hiago Jesuíno Barcellos na quinta-feira (16).
Os traficantes recebiam pagamentos em criptomoedas, transferências bancárias, PIX feito pelo cliente diretamente para uma conta determinada por Alluan, apontado como o líder do grupo. Em conversas de aplicativo de mensagens de Alfafa com Marlon Marques de Araujo, o CR7 Negão ou Marlon Negão, que seria o fornecedor de maconha, cocaína e MDMA, a polícia descobriu indícios de uma operação de lavagem de dinheiro da venda de drogas. Nas mensagens haviam diversos comprovantes de depósitos e transferências bancárias realizadas por Marlon para as contas de Alluan.
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