TJRJ proíbe venda e exposição de livro de Hitler na plataforma Estante VirtualDivulgação

Rio - Liminar em favor da Federação Israelita do Rio de Janeiro (FIERJ), proferida pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), na última quinta-feira (16), proíbe a plataforma Estante Virtual de expor e vender qualquer exemplar do Livro Minha Luta (Mein Kampf), de autoria de Adolf Hitler. A decisão também obriga a retirada de anúncios na plataforma. A Estante Virtual terá também de apresentar em juízo os dados de anunciantes (nome, CPF ou CNPJ, endereço e demais dados cadastrais que possuir, no prazo de dez dias, sob pena de multa).
Na decisão, a juíza Rafaella Avila de Souza Tuffy Felippe diz que "a comercialização da obra intitulada "Minha Luta", de autoria de Adolf Hitler, ultrapassa o limite do aceitável/tolerável, de modo a justificar a intervenção do Poder Judiciário, como forma de proteção dos direitos humanos de pessoas que possam vir a ser vítimas do nazismo, e em respeito àqueles que já foram vitimados".
O presidente da FIERJ, Alberto David Klein, diz que o conteúdo do livro "traz claro e conhecido conteúdo discriminatório e antissemita, com apologia ao extermino do povo judeu". A FIERJ, na ação que ingressou junto ao TJRJ, afirma, também, que a concepção nazista representa "intolerância ao povo judeu, cigano, negros e homossexuais".
Em nota, a Estante Virtual disse ser contra qualquer tipo de livro que dissemine mensagens de preconceito e intolerância. "Removemos os exemplares do catálogo do nosso marketplace e notificamos os vendedores, reforçando que a venda deste livro é proibida em nosso site desde 2016."

Ataques a judeus no Rio de Janeiro
No último dia 23 de agosto, uma das sinagogas mais tradicionais do Rio, a Associação Religiosa Israelita (ARI), em Botafogo, Zona Sul do Rio, foi alvo de um ataque de hackers nazistas durante uma transmissão. Criminosos colocaram imagens de Adolf Hitler, a suástica (símbolo nazista) e exibiram vídeos de um casal fazendo sexo durante uma homenagem a Dora Fraifield, ex-diretora da associação.
Além disso, os bandidos postaram mensagens como "Vamos queimar todas as sinagogas" e "Morte aos judeus" para ameaçar os participantes. Assustados com a invasão, os religiosos suspenderam a cerimônia e criaram um novo link para o evento.
Essa foi a primeira vez que a unidade religiosa de Botafogo sofreu um ataque nazista. No entanto, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), os crimes têm se tornado frequentes. Em média, segundo o instituto, três casos de intolerância religiosa são registrados por dia. Em 2020, foram 1,3 mil no estado.