Hackers nazistas invadiram uma transmissão da sinagoga ARI (Associação Religiosa Israelita), em BotafogoGoogle Maps

Rio - Uma das sinagogas mais tradicionais do Rio, a Associação Religiosa Israelita (ARI), em Botafogo, Zona Sul do Rio, foi alvo de um ataque de hackers nazistas durante uma transmissão no domingo (22). Criminosos colocaram imagens de Adolf Hitler, a suástica (símbolo nazista) e exibiram vídeos de um casal fazendo sexo durante uma homenagem a Dora Fraifield, ex-diretora da associação. Além disso, os bandidos postaram mensagens como "Vamos queimar todas as sinagogas" e "Morte aos judeus" para ameaçar os participantes. Assustados com a invasão, os religiosos suspenderam a cerimônia e criaram um novo link para po o evento. A Polícia Civil investiga o crime e a Câmara do Rio vota, nesta terça-feira, a criação de um conselho para conter o avanço da discriminação religiosa no Rio.
Essa foi a primeira vez que a unidade religiosa de Botafogo sofreu um ataque nazista. No entanto, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), os crimes têm se tornado frequentes. Em média, segundo o instituto, três casos de intolerância religiosa são registrados por dia. Em 2020, foram 1,3 mil no estado. 
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"Não há ameaça mais sórdida do que essa. Interromper uma reza com imagens de nazistas. Vários dos participantes das cerimônias religiosas da ARI perderam parentes em campos de concentração. Eu perdi dois tios-avós cremados em fornos de campos do Hitler, na Polônia", escreveu o deputado estadual, Carlos Minc (PSB/RJ). Ele pediu ainda que a Polícia Federal investigue o crime.
O presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro (FIERJ), Alberto David Klein, lamentou o ocorrido e disse que vai acompanhar as investigações para identificar o grupo antissemita. "Reforçamos que é preciso educação e conscientização para que a sociedade aceite a diversidade. Exigimos a apuração pelas autoridades competentes desse episódio que vitimou a ARI e queremos mais do que isso. Entendemos ser necessário que as autoridades desta cidade, deste estado e deste país posicionem-se contra o antissemitismo e a perseguição a minorias", disse Klein.
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Alberto Klein citou ainda a propagação da cultura do ódio "Meu trabalho é punir para acabar com o ataque à pluralidade. Com a mistura da pandemia e política, isso está indo além do tolerado. Hoje houve esse episódio, mas amanhã pode ser contra o negro, depois contra o candomblé... Quem discrimina um pode discriminar todos", completou ele.
Nesta terça-feira (24), a Câmara Municipal dos Vereadores vai votar em segunda e última discussão, a criação do Conselho Municipal de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa, que tem como objetivo formular políticas públicas para conter o avanço da discriminação religiosa e dar assistência às vítimas. A proposta é do líder do governo na Câmara do Rio, o vereador Átila Alexandre Nunes (DEM).
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A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) informou ao DIA que instaurou inquérito e vai investigar o caso.
Procurada, a ARI ainda não se pronunciou sobre o caso.
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No início de agosto, os religiosos sofreram um outro tipo de ataque. Na ocasião, vários panfletos com ofensas a judeus foram espalhados em condomínios da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.  Os papéis com as ofensas tinham a seguinte frase impressa: "Judeus acumuladores compulsivos de ouro diamante e dólares (sic)". Agentes da 16ª DP (Barra da Tijuca) buscam imagens de câmeras de segurança na região e realizam outras diligências para esclarecer o caso.