Secretário municipal da Saúde, Daniel SoranzSecretaria Municipal de Saúde

Rio - O Estado do Rio registrou, nesta quinta-feira, o menor índice de ocupação de leitos de covid-19 desde o início da pandemia. De acordo com o secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, a taxa total de ocupação de leitos é de 53%, com 507 pessoas internadas. Anteriormente, a menor taxa total de ocupação de leitos foi no dia 21 de setembro, com 541 pacientes.
"São evidentes os efeitos da vacinação, com 66% dos adultos totalmente vacinados temos a menor ocupação hospitalar por covid-19 desde o início da pandemia", informou Soranz através de sua conta no Twitter.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que se o panorama epidemiológico atual se manter, com diminuição das internações por covid-19, a partir de 1º de outubro o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla (HMRG) deixará de ser exclusivo para o tratamento da doença.
"A unidade retomará parcialmente a seu perfil original, com leito de retaguarda, oferta de consultas em especialidades e de realização de cirurgias e procedimentos eletivos. O centro cirúrgico da unidade será reaberto, retomando a realização de procedimentos eletivos como: cirurgias de tireoide, hérnia, vesícula, urológicas, entre outras. Além da abertura de leitos não-covid em setores de enfermaria e centro de tratamento intensivo (CTI)", disse a pasta.
No plano de contingência da prefeitura, a unidade é a principal referência da rede municipal no tratamento de pacientes com quadro grave da doença e que precisam de internação.
Eventos-teste
A Prefeitura do Rio autorizou, nesta quarta-feira, a realização de três eventos-teste em outubro sem a exigência de máscara e distanciamento social. Os participantes terão que apresentar um teste negativo de covid-19 feito, no mínimo, com 48 horas de antecedência e comprovante de vacinação.
Serão duas festas para até cinco mil pessoas. A primeira será numa casa de eventos no Alto da Boa Vista e a segunda num espaço ao ar livre, no Centro da cidade. O terceiro evento é uma festa de aniversário para até 500 pessoas, no Copacabana Palace, na Zona Sul do Rio.
Segundo Soranz, não é necessário exigir o uso da máscara e distanciamento de pessoas vacinadas e testadas para um evento controlado. 
"Sem máscara e sem distanciamento só com população totalmente testada como aconteceu no Maracanã e como vai acontecer nos eventos-teste. Ainda é obrigatório usar máscara e manter o distanciamento na cidade. A gente sabe que é bastante difícil, que as pessoas tão cansadas, mas ainda não é o momento de tirar a máscara e distanciamento em todos os lugares. Agora, com a população testada daquele evento, que todos fizeram teste, que todos ali estão vacinados com uma dose ou pessoas de quarenta anos ou mais que vai acontecer no mês de outubro com duas doses a gente pode liberar a máscara e distanciamento, justamente pela testagem, é importante não confundir essa comunicação, porque isso pode dar problema. Na população em geral sem teste, a máscara ainda é necessária", disse o secretário ao 'Bom Dia Rio', da TV Globo.
Sobre a fiscalização, o secretário relembra que a prefeitura já liberou eventos em locais abertos para até 500 pessoas e pede para que a população evite festas clandestinas.

"Com os números diminuindo muito, com a redução da internação, fica cada vez mais difícil segurar a população. A nossa estratégia é incentivar que esses eventos aconteçam em locais abertos, evitar os locais de maior risco de transmissão que são os locais fechados. A nossa recomendação já é uma liberação para eventos em locais abertos com 500 pessoas. Então, sempre que possível, as pessoas devem preferir locais abertos a fechados e evitar obviamente festas clandestinas, locais que não cumpram as regras, porque você ainda vai tá se colocando em risco, não é porque diminuíram os números, a gente tem um cenário epidemiológico muito melhor que a covid-19 acabou, ainda não acabou e é importante usar máscara e se proteger.
Especialistas concordam com a medida
Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, o momento é o ideal para ser realizado esses tipos de testes justamente porque os números de casos, internações e transmissões da doença diminuíram na cidade.

"A ideia é testar se esses eventos podem ser realizados com segurança nessas condições epidemiológicas atuais. Lembrando que não é uma liberação de evento, nem de reuniões, nem de aglomeração, é um evento para testar essa hipótese. Todas as pessoas que vão tem que entender que estão participando de um evento de teste. Toda essa população que vai terá que estar testada e vacinada. E por ser um evento-teste, elas serão acompanhadas através de um cadastro feito pelo CPF e pelo sistema de vigilância epidemiológica do município para avaliar se houve transmissão, os casos positivos que acontecerem após a festa. Tudo será acompanhado pela vigilância, inclusive com contato, para saber se houve transmissão secundária para outras pessoas", disse Chebabo em entrevista ao O DIA.
"Isso tudo é um teste para avaliar se nesse momento é possível ou não a gente liberar de uma forma generalizada e não mais só em eventos-teste. Na realidade, é testar os limites numa situação agora em que a gente já tem metade da população vacinada aqui no Rio de Janeiro, avançando bastante na questão da vacinação e obviamente todos testados nesses eventos. Depois disso, a gente vai poder ter a noção se houve uma transmissão acima do que é a incidência na cidade ou não. Isso certamente vai ser utilizado para formular novas políticas de flexibilização aqui na cidade", acrescentou.
A presidente da Sociedade de Infectologia do Rio de Janeiro, Tânia Vergara, disse ao O DIA que se seguirem o protocolo para entrada e o monitoramento dos participantes e seus contactantes após o evento poderão ter uma base para permitir a volta gradual ao normal.