Colégio Pedro II do HumaitáTânia Rêgo / Agência Brasil

Rio - A Justiça Federal determinou, na noite desta segunda-feira, o retorno das aulas presenciais em instituições federais do Rio. Segundo o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), a decisão do desembargador Marcelo Pereira da Silva atende a um pedido do Ministério Público Federal (MPF) e indica que os estudantes devem voltar às salas de aula em duas semanas. A liminar vale para a UFRJ, Cefet, Ines, UFRRJ, UniRio e Colégio Pedro II.
O magistrado determina que o retorno presencial às instituições federais se dê quando a situação epidemiológica no estado estiver igual ou melhor à atual. O desembargador reforça que as instituições devem manter os protocolos de segurança sanitária, como o uso de máscaras e a utilização de álcool em gel.
A direção do Colégio Pedro II havia comunicado na semana passada que as aulas voltariam apenas em 2022. No entanto, pais de alunos da instituição não concordam com a decisão.
A servidora pública, Thayana Mussalem, de 38 anos, é mãe de uma aluna do 1º ano do Ensino Fundamental da escola e disse que percebeu uma diferença no rendimento da filha com as aulas online. Para ela, os estudantes deviam voltar às salas de aula ainda este ano. 
"Eu sou a favor de voltar às aulas, com os devidos cuidados. Todos já estão retornando à vida normal. A maioria da população está vacinada. No início do ano, minha filha estava estudando presencial em uma escola particular. E agora, com as aulas online, o rendimento dela caiu bastante, o desinteresse, o entusiasmo. Ela está adorando o Colégio Pedro II, as matérias, os professores, porém, ela fica angustiada de não estar na aula presencial com os novos coleguinhas, falta o contato social", afirmou.
Thayana ressaltou ainda a dificuldade de precisar trabalhar presencialmente e a filha continuar estudando em casa. "O mais importante é a saúde mental das crianças. Ninguém aguenta mais aula online. Fora que eu não parei de trabalhar presencial. Eu não estou de home office, e fica muito complicado conciliar isso tudo. Ela estando na aula facilitaria mais".
A gerente comercial, Fernanda Napo, de 41 anos, também acredita que as aulas deveriam retornar presencialmente ainda este ano. A mãe de um aluno do 4º ano do CPII Campus Humaitá disse que não tem explicação os estudantes ainda estarem tendo aulas online.
"A vida voltou totalmente ao normal, eventos, festas. O Rio está com bandeira verde. Voltou a escola estadual, municipal, não tem explicação a federal estar online. O conteúdo online é muito mal dado em comparação ao presencial. Fora a saúde mental, contato com a professora. O CPII tem ensino fundamental, não tem mais desculpa para permanecer com aula online. Eu não sei se é um comodismo ou economia, porque os campus estão tendo economia de água, de luz", disse Fernanda.
Em um comunicado divulgado no último dia 11, o Colégio Pedro II disse que o motivo do não retorno das aulas ainda este ano seria a suspensão de prestações de serviços terceirizados. "Recontratação dos serviços terceirizados e as aquisições de bens de consumo seguem o rito da legislação específica, bem como as Instruções Normativas advindas do Ministério da Economia, que preveem o cumprimento temporal legal para a sua realização e conclusão. Não é um ato contábil simples e demanda tempo".
"Eles (a direção) estão sempre arrumando uma desculpa. Primeiro, as escolas não estavam preparadas. Agora, os terceirizados. Os pais estão vendo mesmo que é desculpa. Estão querendo comparar uma escola que tem ensino fundamental, com crianças que almoçam na escola, com pais que tem que trabalhar, querendo comparar com universidades", finalizou Fernanda.
Procurado pelo DIA, o Ministério da Educação ainda não se pronunciou.
*Estagiária sob supervisão de Beatriz Perez