Glaidson, o 'faraó dos bitcoins'Laís Vargas (RC24h)

Rio - A Justiça Federal decidiu, na tarde desta terça-feira, manter a prisão preventiva de Glaidson Acácio dos Santos, o "Faraó dos Bitcoins". Mais cedo, foi divulgada a notícia de que ele seria solto após Habeas Corpus. Minutos depois, no entanto, o boato foi desmentido. Em sua decisão, o desembargador federal Flávio Lucas, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), destacou que há indícios suficientes da prática de crimes.
A conclusão de Flávio se deu a partir do material colhido e de várias outras medidas cautelares sob reserva de jurisdição, como quebra de sigilo bancário, fiscal, interceptação telefônica e busca e apreensão, material que não foi submetido à avaliação.
Além disso, Flávio destacou que o inquérito policial aponta indícios concretos de suposta prática de crimes de sonegação fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro e até mesmo aportes que teriam sido realizados por uma milícia do Rio de Janeiro, ressaltando o risco à ordem pública que a soltura dos réus geraria dada a facilidade de replicação dessas operações de movimentação de valores sem possibilidade de rastreamento eficaz. 
Apoiadores de Glaidson chegaram a se reunir em frente à sede do TRF-2. Com roupas brancas e cartazes com dizeres a favor do ex-garçom, eles chegaram a bloquear a circulação de carros na Rua Acre. De acordo com o Centro de Operações Rio (COR), a Polícia Militar e a CET-Rio estiveram no local. A via foi totalmente liberada por volta das 18h. 
Glaidson foi acusado de gerir um esquema de pirâmide financeira, além de emitir, oferecer e negociar títulos sem registro prévio junto à autoridade competente, usando em seu lugar declaração falsa de instituição financeira.
O julgamento de um pedido de habeas corpus em nome de Glaidson estava previsto para ocorrer semana passada no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), mas a decisão acabou adiada após solicitação da defesa do ex-garçom, que trocou de advogados recentemente, pela segunda vez. Anteriormente, o mesmo TRF-2 negou ação semelhante de outro integrante do grupo, Tunay Lima.
 
Em setembro, agentes penitenciários encontraram quatro celulares, peças de picanha e linguiça na cela de Glaidson e de Tunay Pereira Lima, que também estaria envolvido no esquema. As investigações da Polícia Federal apontaram que a G.A.S Consultoria e Tecnologia, empresa de Glaidson, recebeu depósitos em situações distintas, de dois moradores de uma comunidade em Cabo Frio, na Região dos Lagos.
Juntos, os valores somam R$ 1,7 milhão. Glaidson está preso desde o dia 25 do mês de agosto, sob a acusação de fraude, através do sistema de pirâmide financeira. Glaidson Acácio dos Santos e mais 21 pessoas, incluindo sua mulher, a venezuelana Mirelis Yoseline Diaz Zerpa, que é considerada foragida, foram indiciados pela Polícia Federal por fraude no sistema financeiro nacional e organização criminosa.