Ato de pais e aluno do Colégio Pedro II pela volta às aulas presenciaisReprodução/TV Globo

Rio - O Conselho Superior do Colégio Pedro II (Consup) montou uma proposta para a volta do ensino presencial a partir do dia 22 deste mês. A medida é uma resposta à decisão judicial da Advocacia Geral da União (AGU) que determinou o retorno das aulas para o dia 5, mesmo dia da reunião do conselho em que o plano de retomada das atividades nos campus foi divulgado. Pais e responsáveis pelos alunos discordam do texto que foi apresentado.
A medida prevê que as aulas presenciais voltem em horário reduzido e com rodízio de turmas. A quantidade de alunos deve preencher apenas quatro salas de aula. Cada aluno leva mais de uma semana para retornar à escola, enquanto mantém as atividades online. As aulas de "apoio às atividades remotas" aconteceriam no contraturno, 20 turmas, com 30 minutos de aula de cada matéria, sendo três horas ao todo, além do horário de recreio.
A servidora pública, de 38 anos, Thayana Mussalem, diz que se preocupa com a filha, Maria Flor, de 6 anos, que está no período de alfabetização. Ela explica que o ensino remoto e sem supervisão diária acaba por não atender às necessidades dos pequenos. Na nova proposta do Consup, com o rodízio de turmas, cada aluno volta à escola a cada quinze dias. "É o primeiro ano do ensino fundamental e não tem como ela ser alfabetizada online, é muito complicado", disse Thayana.
A servidora pública explica que com o fim das aulas presenciais, a filha teve uma queda no rendimento e passou a ficar ansiosa. "Ela fica muito triste por ter perdido o contato social com outras crianças [...] precisam desse contato social, de brincar, de aprender. A maior parte da população já foi vacinada, o percentual de pessoas infectadas diminuiu bastante", defende.
Fabiana Napo, gerente comercial, de41 anos, também não concorda com a proposta e diz que outros pais temem pela demora no retorno regular às salas de aula. Ela diz que as crianças precisam de auxílio ao realizar as atividades propostas e que esse acompanhamento não ocorre pois os pais ou responsáveis estão no trabalho.
"Meu filho João Pedro, tem 9 anos e está no quarto ano. Ele vê que os amigos estão indo pra escola e ele não. Ele não aprendeu classes das palavras, só aprendeu substantivo e adjetivo, triste que ver que meu filho não sabe divisão",desabafou Fabiana.
A proposta segundo o Censup, "visa o nivelamento, dissipação de dúvidas em relação às aulas sincronas e à solicitação de apoio ou reforço de algum tema tratado antes". O documento também trata da carga horária do professor que deve ser de 7h5 em cinco semanas para o ensino presencial já que os docentes já dedicam suas horas ao ensino remoto.
No último dia 23, um protesto de pais e alunos reivindicando foi realizado em frente ao campus do Centro do Rio, na Avenida Marechal Floriano. Segundo a instituição, o ideal seria que o retorno acontecesse apenas em 2022. Durante o ato, manifestantes seguraram cartazes com dizeres "Queremos aulas de verdade" e "Quero a minha escola aberta!". 
Na Justiça um embate entre o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério da Educação (MEC) se formou. O MPF pediu que as aulas presenciais da instituição e das universidades federais fossem retomadas, mas a Justiça Federal seguiu a decisão do Mec. A pasta alegou que as escolas e faculdades têm autonomia para decidir quando vão retomar as aulas presenciais.