Falso médico teria atuado em quatro UPAsReprodução

Rio - Preso acusado de exercer a medicina ilegalmente, Itamberg de Oliveira Saldanha recebeu autorização para deixar a prisão e responder em liberdade ao processo que julga crime de dano moral. A decisão da juíza Luciana Mocco Moreira Lima, da 29ª Vara Cível da Capital, foi proferida em audiência na tarde desta terça-feira. 
Ao determinar a expedição do alvará de soltura, a juíza acolheu manifestação da defesa para que fosse revogada a prisão preventiva de Itamberg, sob o argumento de que sua soltura não mais representava risco à instrução do processo, além do fato de ele ser réu primário, ter bons antecedentes criminais e bom comportamento na prisão.  
Para a soltura do réu, a juíza considerou, ainda, que, caso seja condenado no processo, a pena mínima para os delitos apurados não ultrapassa quatro anos de prisão. 
"Os delitos imputados na presente ação penal não ultrapassam a pena mínima de reclusão de 04 anos a ensejar a manutenção da custódia cautelar, sendo certo que finda a instrução, nesta data, não há mais que se falar em prejuízo da soltura à instrução criminal. Inobstante tratar-se de fato grave, eventuais consequências danosas a ensejar reprimenda mais grave ainda serão objeto de investigação se assim entender o MP", escreveu a juíza em sua decisão. 
Preso na UPA de Realengo 
Itamberg de Oliveira Saldanha foi preso, no dia 18 de maio, por agentes da 12ª DP (Copacabana), enquanto trabalhava na UPA de Realengo, na Zona Oeste do Rio. Itamberg foi surpreendido pelos agentes quando atendi na sala amarela da unidade, ala destinada ao tratamento de pacientes com covid-19. 
Segundo a investigação da delegacia, Itamberg usava, desde janeiro, o carimbo com os dados do médico Álvaro Pereira de Carvalho. Nesse intervalo, o acusado teria atendido cerca de três mil pacientes e recebido salários que chegaram à soma de R$ 100 mil. Na unidade da Zona Oeste, ele atendia cerca de 70 pacientes por dia e chegou a assinar um atestado de óbito.
A Polícia Civil constatou que Itamberg não era formado em Medicina. Segundo a polícia, ele confessou que teria cursado uma faculdade particular até o 6º ano, interrompendo os estudos por falta de condições financeiras para arcar com as mensalidades.