Arthur Barbosa foi preso por desacato, lesão corporal e resistência, mas testemunhas afirmam que o rapaz não reagiu com violência à açãoReprodução TV Globo

Rio - Arthur Barbosa de Souza Marques, de 18 anos, preso na terça-feira por lesão corporal, resistência e desacato após uma confusão com guardas municipais que faziam, junto com a Secretaria de Ordem Pública, uma ação contra camelôs irregulares no bairro Taquara, Zona Oeste do Rio, deixará a prisão nesta quinta-feira, após audiência de custódia. Arthur é ambulante e, segundo testemunhas, não foi violento com os guardas, que aplicaram um "mata-leão" durante a abordagem e quebraram, inclusive, um dente do rapaz.
A audiência de custódia aconteceu hoje às 13h no presídio de Benfica. Familiares do rapaz e representantes dos ambulantes e camelôs se reuniram na porta do local em protesto contra a prisão. O jovem foi liberado, mas só poderá sair do local às 18h, horário em que todas as audiências de custódia acabam.
O caso ganhou forte repercussão devido a filmagens que mostram o Arthur sendo arrastando e imobilizado pelos guardas, que tentavam levá-lo até a 32ª DP (Taquara).
Segundo Maria dos Camelôs, coordenadora Geral do Movimento Unido dos Camelôs (Muca), a violência da guarda municipal contra os camelôs é frequente. Ela foi a responsável pela divulgação dos vídeos da ação de ordenamento público que resultou na prisão do Arthur. "A Guarda Municipal sempre deixa a sua marca durante as operações. Não tem diálogo, é sempre truculento", explicou. "Para eles (os guardas), tentar proteger as barracas, os produtos, é reagir com violência às operações, mas não é assim que funciona".
De acordo com o secretário de Ordem Pública Brenno Carnevale, o trabalho que a prefeitura está fazendo de apoio aos camelôs é "pioneiro na cidade". Ele se refere ao programa Ambulantes em Harmonia, criado em 2021 e que coleta cadastros de pessoas que trabalham nas ruas e buscam uma regulamentação. Quatro centros comerciais da cidade já receberam ações para legalização e reassentamento de trabalhadores, como Bonsucesso, Méier, Cacuia, na Ilha do Governador, e Taquara. Dados da secretaria mostram que, desde a sua implementação, cerca de 360 ambulantes já foram formalizados. O município do Rio tem pouco menos de 10 mil ativos e reconhecidos pela prefeitura. 
No mesmo do confronto na Taquara, o secretário foi até a região com uma equipe do Ambulantes em Harmonia credenciar os camelôs que já haviam feito cadastro. Foram oferecidas barracas e demarcados lugares onde as pessoas podem trabalhar de maneira segura, sem chance de despejo ou apreensão de mercadorias.
Carnevale reforçou que a corregedoria da Guarda Municipal está apurando se houve excesso por parte dos guardas envolvidos na prisão de Arthur, mas reforçou que a presença da instituição nas operações de ordenamento são essenciais. "A gente age contra criminosos que se consideram 'donos do chão', pessoas que exploram o trabalho dos ambulantes. Regulamentar os camelôs, dar a eles uma barraca, um local marcado, enfraquece a presença desses criminosos nas ruas e dá mais segurança aos trabalhadores", pontuou. "A briga dos ambulantes sobre aumentar o número dos credenciamentos deve ser com a Câmara de Vereadores e não com a Secretaria de Ordem Pública. Foram eles quem fizeram uma legislação limitando a concessão de mais licenças". 
*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes