Familiares pediram a prisão do médicoMarcos Porto/Agência O DIA

Rio - A família de Maria Jandimar Rodrigues, de 39 anos, que morreu na última sexta-feira (17), após se sentir mal durante um procedimento estético, realizada em uma clínica do Carioca Offices, na Vila da Penha, Zona Norte do Rio, acredita que o caso se tratou de um crime e vai pedir que a investigação passe da 27ª DP (Vicente de Carvalho) para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). O corpo da autônoma foi enterrado na manhã deste domingo (19), no Cemitério de Inhaúma, sob revolta e forte comoção de parentes e amigos.


Segundo o advogado da família, Cristiano Vieira, a morte de Maria foi registrada na distrital como encontro de cadáver. O médico colombiano Brad Alberto Castrillón Sanmiguel, responsável pelo procedimento, chegou a ser levado para a delegacia, mas se reservou ao direito de permanecer calado. Ainda de acordo com a defesa, os parentes, que ainda não prestaram depoimento, foram orientados pela polícia a não procurar a imprensa para denunciar o caso, porque tornaria a investigação mais difícil.

"Mesmo o médico sendo apresentado à delegacia, foi registrado como um simples encontro de cadáver. A família presente na delegacia não foi ouvida e, simplesmente, o médico se reservou o direito constitucional de permanecer calado e foi liberado. Foi orientado à família que não acionasse os canais de comunicação, para que o caso fosse elucidado de forma mais rápida. Segundo a delegacia, com a imprensa envolvida ficaria um pouco mais difícil esclarecer o caso", explicou o advogado.

Neste sábado (18), a clínica onde a hidrolipo aconteceu foi interditada para perícia e a 27ª DP vai intimar o médico a depor na próxima semana. Para Vieira, a medida só foi tomada após a divulgação do caso. Após a repercussão da morte de Maria, parentes foram convocados para prestar depoimento nesta segunda-feira (20), às 15h. A família teme que, com o estabelecimento interditado um dia depois da morte, possa ter ocorrido alteração no que eles acreditam ser a cena do crime.

"Após a mídia veicular o caso que a delegacia procedeu com a interdição da clínica. Ou seja, 24 horas depois do caso ocorrido que a delegacia procedeu com a interdição. A grande preocupação da família é essa, nós não sabemos o que foi alterado na cena do crime. Acreditamos se tratar de um crime, um crime de homicídio no caso presente", disse a defesa, que criticou a atuação da Polícia Civil.

"(Pedir para) encaminhar para a Delegacia de Homicídios, que é uma especializada e vai conseguir apurar de forma melhor o caso. No que se refere à notificação da família, o depoimento da família, hoje a imprensa tem muito mais provas sobre o caso do que a própria autoridade policial. Hoje, a imprensa vem divulgando imagens, fotos, filmagens e a autoridade policial tem um RO com a ocorrência de encontro de cadáver", criticou o advogado.

Familiares pediram a prisão do médico durante o sepultamento de Maria. O marido, Wagner Vinícius, acusa Brad Sanmiguel de ter tentando fugir do local sem prestar socorro à mulher e de ter dito à filha dela, Brenda Rodrigues, de 21 anos, que não era o médico, mas um funcionário do Carioca Offices.