Kathlen Romeu estava grávida de 14 semanas quando foi baleada no Complexo do LinsReprodução Internet

Rio - Familiares da designer Kathlen Oliveira Romeu, de 24 anos, discordaram da decisão do Tribunal de Justiça (TJRJ) de negar o pedido de prisão feito pelo Ministério Público (MPRJ) contra os cinco policiais militares que participaram da operação que terminou com a morte da jovem, no dia 8 de junho deste ano, no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio. Denunciados, os PMs da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Lins se tornaram réus por fraude processual e falso testemunho, no último dia 17. O juiz Bruno Arthur Mazza Vaccari, decidiu por aplicar quatro medidas cautelares contra os agentes.
Ainda muito abalados com a morte da jovem, a família de Kathlen sequer comemorou o Natal. Segundo o pai da designer, o personal trainer Luciano Gonçalves, de 43 anos, essa era uma das festividades que sua filha mais amava e era ela a responsável por organizar toda celebração da família.
Os parentes de Kathlen acompanham de perto as investigações sobre a sua morte e todos os desdobramentos do processo judicial que apura a conduta e participação dos PMs no crime. A aceitação da denúncia do MP, por parte da justiça, no inquérito sobre a fraude processual e falso testemunho, amenizou um pouco a dor da família.
"Estamos travando uma guerra por justiça e tivemos vitória em uma batalha. Isso ameniza um pouco a sensação de impotência e descaso do Estado. Nós não vamos dizer que ficamos felizes, porque nada vai trazer a nossa filha de volta, mas alivia um pouco a nossa dor", disse Gonçalves.
Entretanto, o pai conta que achou um absurdo o TJRJ negar os pedidos de prisão em desfavor dos policiais militares. "Achei um absurdo o juiz não acatar o pedido de prisão. Se a gente mostrou que não houve confronto, que foi provado que os tiros foram provocados por eles, que eles omitiram provas e acrescentaram outras, forjando toda a situação, eu não entendo porque não houve a prisão. O juiz reconhece que eles forjaram provas, aceitou a denúncia", indagou o pai.
A família da designer aguarda agora os próximos passos das investigações e só clama por uma coisa: justiça.
"Não temos grandes perspectivas. Essa guerra de provar que eles foram os culpados é longa. Independente da punição, sabemos que a nossa filha não vai estar mais aqui com a gente, mas que haja justiça. A gente quer que a justiça seja feita, que eles sejam severamente punidos. Foi provado que eles forjaram tudo para tentar disfarçar o desastre que fizeram. Mesmo assim, eles ainda ainda vão ter medidas cautelares. Enquanto para a gente, um cidadão preto, basta uma foto usada por alguém que nos confundiu, para sermos presos", desabafou o personal trainer.
Gonçalves falou que desde o dia 8 de junho não consegue mensurar a falta que sente da filha, mas que o Natal intensificou a sua dor.
"Desde o dia 8 não tenho palavras para mensurar a minha dor. E como que a pessoa que tirou a vida da minha filha está lá rindo como a família dele e a gente está aqui sofrendo? Somos uma família de bem", questinou.
Família não conseguiu comemorar o Natal
O pai de Kathlen contou que a designer era apaixonada pelo Natal e a responsável por organizar toda a reunião familiar para celebrar a festividade, desde o amigo oculto a ceia.
"A Kathlen que sempre agitava as coisas, amigo oculto, comemorações, preparativos, montar a árvore. Ela podia estar cansada, mas se animava para organizar tudo, gostava de colocar os presentes na árvore, comprar as lembrancinhas, era nossa mamãe noel. Ela amava essa data, em outubro já começava a planejar e preparar tudo, para você ter noção. Kathlen era festa e alegria", recordou Gonçalves.
Para a família, Kathlen era o verdadeiro sinônimo do Natal e a alegria da casa. Os pais da jovem até chegaram a pensar em fazer alguma celebração pela tradicional data, mas disseram que isso seria impossível sem a filha.
"Esse é o pior Natal das nossas vidas, ela era o nosso natal. Está sendo muito difícil superar a ausência dela e a forma como ela se foi. Ela morava comigo e com a mãe dela, e passava o dia 24 e 25 com a gente. Ano novo ela não passava com a gente, mas natal sempre passava, está sendo muito duro. A gente até tentou esquematizar como seria o nosso natal, mas decidimos não fazer nada. Chegamos a conclusão que seria um dia normal, não comemoramos nada, a gente não esquece ela, essa data seria ainda mais dolorosa. Não fizemos nenhuma ceia, porque tudo lembraria muito ela", finalizou.